O Cidade Conecta preparou lançamentos, periódicos, de artigos do escritor, expositor e articulista José Martins Peralva Sobrinho, ou simplesmente Martins Peralva, como era conhecido. Ele, que foi um dos grandes representantes do movimento espírita no Brasil, escreveu os seguintes livros: “Estudando a mediunidade”, “Estudando o Evangelho”, “O Pensamento de Emmanuel”, “Mediunidade e evolução”, editados pela Federação Espírita Brasileira (FEB), e “Mensageiros do bem”, editado pela UEM.
Os artigos publicados fazem parte do livro “Evangelho puro, puro Evangelho – Na direção do Infinito”. Trata-se uma coletânea de textos disponibilizados nos jornais “O Luzeiro”, periódico de sua terra natal, Sergipe, “Síntese” e “Estado de Minas”, ambos de Minas Gerais, e na revista “Reformador” da FEB. Geraldo Lemos Neto, responsável pelo Vinha de Luz — Serviço Editorial, foi quem coletou o material com a família Peralva, para que a comunidade espírita tivesse a oportunidade de conhecer mais de perto Martins Peralva.
A tríplice unidade
Setembro | 1960
“Se uma casa estiver dividida contra si mesma, tal casa não poderá subsistir.” — Jesus
Assevera antigo ditado que “a união faz a força”. E nós acrescentamos: a força, organizada e consciente, garante a indivisibilidade.
Essa compreensão faz com que se verifiquem, em toda a parte, empreendimentos organizativos, unificadores, tendentes a assegurarem o fortalecimento, a continuidade, a pujança das instituições.
No plano físico, a solidariedade, o coletivismo, os interesses em comum levam os homens ao esforço de unificação de suas atividades, com vistas à colheita dos melhores frutos. Unificam-se os componentes da família, na boa vontade e no trabalho, para que haja pão para o estômago, vestuário para o corpo, luz para o espírito eterno.
Há, enfim, em toda a parte, aqui e alhures, um sentido de organização, um pensamento unificativo, uma preocupação de metodizar, de vivificar, dinamizar, construir. O objetivo é de congregar, pela certeza de que o “reino” unificado e a “casa” que se não divide sobreviverão, um e outra, a todos os embates.
Uma família, uma instituição, uma doutrina, enfim, que se unifica, que se irmana, que se estrutura, que se uniformiza, tem assegurados, sem dúvida, o aperfeiçoamento e o progresso. O Espiritismo é um movimento de natureza essencialmente espiritual, embora influencie, embora atue, beneficamente, junto aos problemas de ordem material, cristianizando-lhes as soluções. Estudando as relações entre o mundo invisível e visível, dele fazem parte vivos e mortos, encarnados e desencarnados. Criaturas de todos os níveis evolutivos, de todos os graus de entendimento, das mais variadas compreensões, empunham, cheias de boa vontade e esperança, a sua bandeira de renovação espiritual: TRABALHO — SOLIDARIEDADE — TOLERÂNCIA.
Nos templos de oração e trabalho do Espiritismo, reúnem-se, em número avultado, companheiros egressos das mais diversas crenças e religiões, doutrinas e filosofias, muitos deles ainda apegados a superstições e hábitos remanescentes de remotas e consecutivas experiências reencarnatórias. Suas práticas e tendências, inclinações e desejos, em que pese à boa intenção de alguns deles, caem, por vezes, em flagrante desacordo, ético e doutrinário, com o “novo ideal”, exuberante de simplicidade e beleza, a que se acolhem presentemente: o ideal espírita-cristão.
Não é com facilidade que tais companheiros assimilam a essência doutrinária do Espiritismo, isenta de rituais, desprovida de materialidade. Não é com facilidade que adquirem convicção e firmeza. Nem o Espiritismo nunca exigiu, não exige, de quem quer que seja, adesão extemporânea, superficial, momentânea.
A Doutrina Espírita, iluminada pelos clarões do Evangelho, aí está, perene e eterna, para todos, informando, esclarecendo, orientando, regenerando, deixando-nos, contudo, a liberdade de lhe aceitarmos ou não o caminho renovador. Se alguns de nós adotaram-na pela lógica e limpidez de seus postulados, muitos a procuram enganados, mal-informados, na ilusória esperança de que venha a ser ela um recurso fácil para fácil obtenção de vantagens transitórias.
A Doutrina sabe que onde estiver o tesouro do homem lá estará o seu coração, conforme asseverou o Mestre. Os espíritas convictos devem realizar com amor a tarefa de preservação de sua unidade. A fim de que a marcha do Espiritismo não sofra embaraço, retardamento, para subsistir no infinito tempo e nos mistérios da eternidade, ele, o Espiritismo, não se deve fragmentar, fracionar-se, dividir. À vacilação e inconstância dos indecisos havemos de contrapor a firmeza, o idealismo dos convictos. A segurança dos segundos conduzirá os primeiros à meta libertadora.
Unidade direcional, doutrinária, fraternal. Unidade de orientação, amorosa e justa, benevolente e sábia, como a própria orientação do Cristo, para que os naturais e compreensivos fenômenos, que acompanham a expansão mal dirigida, não lhe sejam nocivos ao desenvolvimento. Unidade doutrinária, que lhe assegure, que lhe preserve a coesão das linhas mestras, a simplicidade dos princípios, a substância cristã de que se nutre. Unidade afetiva, de sentimentos, que contribua para que os espíritas do mundo inteiro, vinculados pelo coração, sejam uma só família — unida, indissolúvel, solidária — cooperando, pela caridade, para o advento da legítima fraternidade entre os homens.
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