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Notícia

46º artigo de Martins Peralva: "Elogios" | “Evangelho puro, puro Evangelho – Na direção do Infinito”


O Cidade Conecta preparou lançamentos, periódicos, de artigos do escritor, expositor e articulista José Martins Peralva Sobrinho, ou simplesmente Martins Peralva, como era conhecido. Ele, que foi um dos grandes representantes do movimento espírita no Brasil, escreveu os seguintes livros: “Estudando a mediunidade”, “Estudando o Evangelho”, “O Pensamento de Emmanuel”, “Mediunidade e evolução”, editados pela Federação Espírita Brasileira (FEB), e “Mensageiros do bem”, editado pela UEM.

Os artigos publicados fazem parte do livro “Evangelho puro, puro Evangelho – Na direção do Infinito”. Trata-se uma coletânea de textos disponibilizados nos jornais “O Luzeiro”, periódico de sua terra natal, Sergipe, “Síntese” e “Estado de Minas”, ambos de Minas Gerais, e na revista “Reformador” da FEB. Geraldo Lemos Neto, responsável pelo Vinha de Luz — Serviço Editorial, foi quem coletou o material com a família Peralva, para que a comunidade espírita tivesse a oportunidade de conhecer mais de perto Martins Peralva.


Elogios

Agosto | 1961


O servidor do Espiritismo cristão deve ser infenso ao elogio, viver permanentemente acautelado contra o encômio ostentativo, bombástico, via de regra, impregnado, quando não de insinceridade, pelo menos de entusiasmo excessivo.

Um dos motivos dessa atitude de vigilância e precaução é bem simples e conhecido: sabe o espírita, sabemos todos, que o elogio fácil é um dos caminhos que mais frequentemente levam o trabalhador ao desequilíbrio, ao fracasso, à ruína. Quem quiser atirar um companheiro no abismo, afastá-lo do serviço ou vê-lo modificar o ritmo de suas tarefas não tem necessidade de caluniá-lo, nem de injuriá-lo: basta, simplesmente, torná-lo alvo de adjetividade pomposa.

Repita, com insistência, certos chavões, agradáveis à nossa vaidade, mas nocivos ao nosso espírito ainda inseguro na rota evolutiva, tais como “operoso”, “dinâmico”, “notável”, “apóstolo”.

Sim, leitor amigo, até este: “apóstolo”! O companheiro vai inflando, inflando, inflando, como um colorido balão junino nas maravilhosas noites do Nordeste — maravilhosas e, para nós, inesquecidas na recordação! —, até que, após ganhar ilusória altitude, volta a descer, veloz, bamboleante, terminando por espatifar-se no chão, quase sempre ante o olhar indiferente ou o comentário impiedoso de quantos lhe insuflaram a vaidade, de quantos lhe estimularam o personalismo.
Outro motivo para que o espírita vigilante, cuidadoso, não confie no elogio, nem o deseje, mas, sim, o deteste: sabe, porque deve ter compreensão para isso, que um elogio a mais não o torna melhor.

O contrário é o que sempre acontece: quando somos elogiados, ingressamos numa faixa psíquica realmente perigosa, capaz de aumentar-nos o orgulho, de incentivar-nos o clássico narcisismo, de ampliar-nos a presunção. Jesus era peremptório: “Eu não aceito glória que vem dos homens” (João, 5: 41). Era como dissesse: “Conheço bem, ó, homens, a vossa leviandade, a vossa insensatez; penetro-vos a alma inconstante e interesseira; conheço-vos o coração, entendo-vos a psicologia. Recuso-vos, portanto, os elogios”.

Quando, de público, uma mulher lhe proclama, empolgada, as excelsas virtudes, dizendo “Bem-aventurada aquela que te concebeu e os seios que te amamentaram”, o celeste Enviado, divinamente sereno, corrige-lhe, de imediato, a frase elogiosa, retrucando: “Antes bem-aventurados são os que ouvem a palavra do Pai e a guardam” (Lucas, 11: 27-28).

A boa palavra, no momento oportuno, oriunda de uma alma amiga e sincera, desejosa de realmente ajudar, é sempre valioso estímulo ao companheiro, no sentido de mantê-lo na tarefa edificante, com o objetivo de renovar-lhe as esperanças, com o propósito de reanimar-lhe as energias, porventura enfraquecidas. O elogio fácil, no entanto, constitui, invariavelmente, uma taça de fel que pode amargurar, por muitos anos, a vida espiritual do trabalhador invigilante, ainda preocupado com as recompensas terrestres. O problema consiste em saber-se distinguir uma do outro, a benefício de nossa segurança íntima.

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Fonte: PERALVA SOBRINHO, José Martins; PERALVA, Basílio (Org.). Evangelho puro, puro Evangelho – Na direção do Infinito. Belo Horizonte: Vinha de Luz Editora, 2009. p. 140-141. Reformador, agosto de 1961. p. 189. Reformador é uma revista de divulgação da Doutrina Espírita, editada mensalmente pela Federação Espírita Brasileira (FEB). É uma das mais antigas publicações de seu gênero, em circulação no Brasil (desde 1883, no formato original de jornal). Com a fundação da FEB, em 1884, o periódico foi por ela incorporado, passando a ser o seu principal órgão de divulgação, voltado para a difusão de artigos doutrinários, fatos e trabalhos desenvolvidos pela entidade, assim como pelas entidades afiliadas em todo o país. In: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Reformador>. Acesso em: 12 nov 2009.

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Enviado por Geraldo Lemos Neto | Vinha de Luz Editora | Artigo postado "ipsis verbis" | In: https://cidadeconecta.com/46o-artigo-de-martins-peralva/
13/10/2021
 


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