O Cidade Conecta preparou lançamentos, periódicos, de artigos do escritor, expositor e articulista José Martins Peralva Sobrinho, ou simplesmente Martins Peralva, como era conhecido. Ele, que foi um dos grandes representantes do movimento espírita no Brasil, escreveu os seguintes livros: “Estudando a mediunidade”, “Estudando o Evangelho”, “O Pensamento de Emmanuel”, “Mediunidade e evolução”, editados pela Federação Espírita Brasileira (FEB), e “Mensageiros do bem”, editado pela UEM.
Os artigos publicados fazem parte do livro “Evangelho puro, puro Evangelho – Na direção do Infinito”. Trata-se uma coletânea de textos disponibilizados nos jornais “O Luzeiro”, periódico de sua terra natal, Sergipe, “Síntese” e “Estado de Minas”, ambos de Minas Gerais, e na revista “Reformador” da FEB. Geraldo Lemos Neto, responsável pelo Vinha de Luz — Serviço Editorial, foi quem coletou o material com a família Peralva, para que a comunidade espírita tivesse a oportunidade de conhecer mais de perto Martins Peralva.
Elogios
Agosto | 1961
O servidor do Espiritismo cristão deve ser infenso ao elogio, viver permanentemente acautelado contra o encômio ostentativo, bombástico, via de regra, impregnado, quando não de insinceridade, pelo menos de entusiasmo excessivo.
Um dos motivos dessa atitude de vigilância e precaução é bem simples e conhecido: sabe o espírita, sabemos todos, que o elogio fácil é um dos caminhos que mais frequentemente levam o trabalhador ao desequilíbrio, ao fracasso, à ruína. Quem quiser atirar um companheiro no abismo, afastá-lo do serviço ou vê-lo modificar o ritmo de suas tarefas não tem necessidade de caluniá-lo, nem de injuriá-lo: basta, simplesmente, torná-lo alvo de adjetividade pomposa.
Repita, com insistência, certos chavões, agradáveis à nossa vaidade, mas nocivos ao nosso espírito ainda inseguro na rota evolutiva, tais como “operoso”, “dinâmico”, “notável”, “apóstolo”.
O contrário é o que sempre acontece: quando somos elogiados, ingressamos numa faixa psíquica realmente perigosa, capaz de aumentar-nos o orgulho, de incentivar-nos o clássico narcisismo, de ampliar-nos a presunção. Jesus era peremptório: “Eu não aceito glória que vem dos homens” (João, 5: 41). Era como dissesse: “Conheço bem, ó, homens, a vossa leviandade, a vossa insensatez; penetro-vos a alma inconstante e interesseira; conheço-vos o coração, entendo-vos a psicologia. Recuso-vos, portanto, os elogios”.
Quando, de público, uma mulher lhe proclama, empolgada, as excelsas virtudes, dizendo “Bem-aventurada aquela que te concebeu e os seios que te amamentaram”, o celeste Enviado, divinamente sereno, corrige-lhe, de imediato, a frase elogiosa, retrucando: “Antes bem-aventurados são os que ouvem a palavra do Pai e a guardam” (Lucas, 11: 27-28).
A boa palavra, no momento oportuno, oriunda de uma alma amiga e sincera, desejosa de realmente ajudar, é sempre valioso estímulo ao companheiro, no sentido de mantê-lo na tarefa edificante, com o objetivo de renovar-lhe as esperanças, com o propósito de reanimar-lhe as energias, porventura enfraquecidas. O elogio fácil, no entanto, constitui, invariavelmente, uma taça de fel que pode amargurar, por muitos anos, a vida espiritual do trabalhador invigilante, ainda preocupado com as recompensas terrestres. O problema consiste em saber-se distinguir uma do outro, a benefício de nossa segurança íntima.
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