Blockbuster de outro mundo
Filme
mais caro da história do cinema nacional, "Nosso Lar" recorre a cenário
futurista para adaptar best seller homônimo psicografado por Chico
Xavier
Natália RangelO filme “Nosso Lar” estreia na sexta-feira 3 e já ostenta um
recorde nacional: o seu orçamento de R$ 20 milhões é o maior da
história da cinematografia brasileira, equivalente ao de uma produção
média dos estúdios de Hollywood. Nenhum centavo desse valor veio das
leis federais de incentivo à cultura – quem investiu foram empresas
privadas que encamparam o projeto. O desafio: levar às telas, pela
primeira vez, o livro homônimo psicografado em 1944 pelo médium mais famoso do
Brasil, Chico Xavier. As referências dessa obra são as melhores
possíveis: trata-se de um best seller com 61 reedições, tradução para
nove idiomas e dois milhões de exemplares vendidos. Além disso, a fé
espírita é professada por cerca de 20 milhões de brasileiros. Tudo isso
explica a certeza dos investidores de que se trata de um blockbuster.
Era preciso, porém, apresentar esse produto com uma roupagem que fosse
contemporânea, sem ofuscar o seu conteúdo. “É um filme grandioso. Não
podíamos decepcionar o público”, diz a produtora, Iafa Britz. Para isso
recorreu-se a efeitos especiais desenvolvidos e colocados em prática
pela empresa canadense Intelligent Creatures, a mesma que criou os
efeitos do blockbuster “Watchmen”. A trilha sonora é assinada por
ninguém menos que Philip Glass. “Queríamos um enredo tão impactante
como a obra literária e mais qualidade técnica para conferir
verossimilhança”, diz o diretor, Wagner de Assis.ALTA TECNOLOGIA
Cena do filme “Nosso Lar”: imagem criada em computador simula a
“cidade espiritual” que, segundo o espiritismo, abriga seres humanos após a morte
Antes de “Nosso Lar” outras duas
produções sinalizaram que o tema da vida após a morte é um excelente
filão para o cinema nacional. “Bezerra de Menezes – o Diário de um
Espírito”, de Glauber Filho, alcançou um público bem acima da
expectativa dos realizadores, e “Chico Xavier, o Filme”, de Daniel
Filho, foi assistido por 3,4 milhões de pessoas. “Se “Bezerra de
Menezes” abriu uma fresta para esse gênero, “Chico Xavier” abriu a
porta e “Nosso Lar” vai escancará-la”, diz Luis Eduardo Girão, produtor
de filmes desse gênero. Em sua avaliação, o espectador cansou de ver
violência na tela e busca “um cinema espiritualista”. A história de
“Nosso Lar” é narrada pelo médico André Luiz, pai de três filhos, que
morreu no início do século XX e teria revelado ao mundo as condições de
vida na dimensão espiritual – fez isso por meio das faculdades
mediúnicas de Chico Xavier. “Trata-se de uma história universal que
poderá agradar a agnósticos, marxistas e ateístas”, exagera Assis. Na
fase em que o protagonista está na chamada “cidade espiritual” surgem
na tela edificações que remetem ao futurismo de desenhos como “Os
Jetsons” – na verdade os seus traços foram inspirados na arquitetura de
Oscar Niemeyer. Toda a pirotecnia visual que está a serviço da
narrativa procura ser fiel às descrições feitas no livro.
A aposta é que essa roupagem moderna crie
uma identificação com o público e, em todo o País, 400 salas de cinema
estarão na expectativa dessa promessa de sucesso.
Enviado por João Cabral | Presidente da ADE-Sergipe | Aracaju - Sergipe | In: http://www.istoe.com.br/reportagens/98236_BLOCKBUSTER+DE+OUTRO+MUNDO
02/09/2010
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