Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, conhecido como "o médico dos pobres”, espírito de escol, burilado pelo seu imenso amor ao Evangelho, o pupilo de Ismael, guia espiritual do Brasil, trabalhador incansável em seu esforço de unificação da família espírita na Pátria do Cruzeiro, preparava a terra para recepcionar as sementes do Evangelho de Jesus, que para aqui seriam transplantadas, conforme noticiado pelo espírito Humberto de Campos em seu livro "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho", através da mediunidade missionária de Francisco Cândido Xavier.
Enquanto Allan Kardec encontrava-se encarnado na França, com a missão de recepcionar no plano físico a nossa abençoada Doutrina Espírita, Bezerra de Menezes, no Brasil, atendendo a convite de Ismael, preposto do divino Mestre, aguardava o momento para iniciar o trabalho para sedimentar as bases do Espiritismo em nossa pátria, em sua feição de Cristianismo redivivo.
Conforme relato de Humberto de Campos, em seu livro mencionado acima, a missão de Bezerra de Menezes tem início em uma feliz região do Espaço, quando o enviado de Jesus faz o convite a Bezerra de Menezes, espírito de excepcional envergadura, exortando-o a descer às lutas terrestres com o objetivo de organizar e unir a família espírita em torno dos princípios contidos no Evangelho de Jesus e revividos por Kardec na codificação da Doutrina Espírita.
Em sua exortação, Ismael enfatizava: "Não precisamos encarecer aos teus olhos a delicadeza dessa missão; mas, com a plena observância do código de Jesus, e com a nossa assistência espiritual, pulverizarás todos os obstáculos à força de perseverança e de humildade, consolidando os primórdios de nossa obra, que é a de Jesus, no seio da pátria do seu Evangelho” (do livro citado, p. 179, 25. ed., FEB).
Com o nascimento de Bezerra de Menezes, no dia 29 de agosto de 1831, em Riacho do Sangue, hoje Jaguaretama, no Estado do Ceará, o pupilo de Ismael dava comprovação de sua inegável estrutura moral, conduta exemplar, desde a juventude, como estudante, médico, vida pública na política, até o momento em que é chamado para abraçar a sua missão dentro da Doutrina Espírita. Todo esse aspecto de sua vida tem sido lembrado pelos oradores e articulistas espíritas, principalmente neste ano de 2000, quando se comemora o centenário de seu regresso às regiões espirituais, ocorrido em 11 de abril de 1900.
Fato por demais conhecido, o do estudante de Matemática, quando Bezerra, no Rio de Janeiro, fazia o curso de Medicina, no período de 1851 a 1856. Canuto de Abreu registra o acontecimento em seu livro "Bezerra de Menezes - Subsídios para a História do Espiritismo no Brasil até o ano de 1895” (FEESP, 2. ed., 1985, p. 19) assim: "Certo dia, em que tivera de pagar à Faculdade a taxa de exame para não perder o ano, ficara limpo e com o aluguel do quarto vencido. O senhorio, que conhecia por longa experiência a força e a lábia dos estudantes, era atrevidaço. Bezerra não tinha livro vendável para levar ao 'sebo', nem joia a pôr no 'prego'. Sensitivo, brioso e impulsivo, disfarça a angústia numa esperança sem revolta, confiando a Deus o que lhe viesse em prova de sua virtude. Bateram à porta. O seu coração agita-se, como se fora criminoso procurado pela polícia. O espírito conturba-se pelo receio de não saber se ouvirá resignado, sob o ardor da vergonha, a ameaça grosseira do cobrador. Mas abre a porta resoluto. Era um moço que o vinha procurar para lições de Matemática, justamente a matéria que Bezerra detestava. O novo aluno, enquanto ele hesitava em o aceitar, tirou a carteira do bolso e disse: 'Como posso esbanjar a mesada, e preciso das suas lições, vou pagá-las adiantadamente'. E, ato contínuo, meteu nas mãos de Bezerra certa quantia e partiu, prometendo vir à hora marcada para a lição. Bezerra, que não tinha livros sobre a matéria, saiu para ir estudar o ponto à Biblioteca Pública, passando pela casa do senhorio. O moço não veio à hora. Nunca mais lhe apareceu. Bezerra, que não lhe pedira sequer o nome, jamais o reviu na vida, e dizia, como filósofo: 'Foi a única vez em que estudei a fundo uma lição de Matemática e ela me valeu de alguma coisa'."
lnteressante o acontecimento, que faz recordar as palavras de Ismael antes da descida de Bezerra à Terra: "Com nossa assistência, pulverizarás os obstáculos". E essa assistência, certamente, nunca lhe faltou. Ao que parece, esse fato só foi divulgado por Bezerra em 1895, após convidado a voltar para a Federação, como seu presidente, em face das dificuldades que atravessava, tendo Júlio Leal renunciado à presidência em meados de julho.
Convidado por Alfredo Pereira, Dias da Cruz, Elias da Silva e Fernandes Figueira, Bezerra reluta, formula dificuldades para o desempenho da missão, mas diante da insistência e argumentos expendidos pela comissão pediu um prazo para responder ao convite, precisando, primeiro, ouvir o seu guia espiritual. Rumou para o grupo Ismael. Lá encontravam-se, entre os companheiros do grupo, Pedro Richard e Bittencourt Sampaio. O espírito Santo Agostinho se manifesta através da mediunidade de Frederico Júnior. Bittencourt apresenta motivos para que Bezerra aceite o convite, que os rejeita, formulando, por sua vez, razões para a recusa. Nesse momento, Agostinho interferiu no diálogo, concitando Bezerra a aceitar o convite, terminando por dizer: "Nós te ajudaremos de outro modo: trazendo-te, quando precisares, discípulos de Matemática..." .
Bezerra compreendeu em que consistiria o auxílio e contou ao grupo aquele episódio do tempo de estudante, concluindo por aceitar o convite, permanecendo na presidência da Federação daquele momento em diante até o seu regresso à Espiritualidade, em 11 de abril de 1900.
Pelo visto, a ajuda vinda através do estudante de Matemática… ______________
Fonte: O Espírita Mineiro, Maio/Junho, 2000, no. 255, p. 1 [Editorial].
Enviado por Geraldo Lemos Neto | Vinha de Luz | Imagem em: https://www.uemmg.org.br/biografias/adolfo-bezerra-de-menezes
24/05/2023
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