Sempre matéria
O que causou impacto em "Nosso Lar" foi o fato de André Luiz descrever uma cidade no plano espiritual, cujo nome dá título ao livro.
Há casas, veículos, ruas, parques, árvores, vegetação, lagos, campos...
Há uma organização administrativa e social, sede de governo, escolas, hospitais, centros de cultura...
Um espanto!
Emmanuel, o mentor espiritual que assina o prefácio, comenta: "Certamente que numerosos amigos sorrirão ao contato com determinadas passagens das narrativas. O inabitual, entretanto, causa surpresa em todos os tempos. Quem não sorriria na Terra, anos atrás, quando se lhes falasse da aviação, da eletricidade, da radiofonia?"
Mais do que sorrisos, a obra de André Luiz suscitou dúvidas e críticas.
Como imaginar o mundo espiritual um "xerox" da Terra?
Mas poderíamos inverter a pergunta: como imaginá-lo diferente?
O que vai acontecer quando batermos as botas?
Porventura nos transmutaremos em etérea fumaça?
Perderemos a identidade?
Desapareceremos no todo cósmico?
Onde quer que o espírito instale sua morada, fatalmente irá defrontar-se com sua própria forma e entrará em contato com seres e coisas que também têm forma.
Mesmo as fantasias teológicas reportam-se a paisagens infernais e celestiais, seres demoníacos e angélicos, chifres e asas, jardins e cavernas, caldeirões e harpas...
A natureza não dá saltos.
A Espiritualidade, principalmente nas proximidades do plano em que vivemos, forçosamente assemelha-se à Terra.
Ao contrário do que se imagina, o mundo físico é uma cópia muito imperfeita do mundo espiritual, mais densa, mais pesada, de matéria mais grosseira.
Os cientistas admitem hoje a existência de universos paralelos, em outras dimensões, que poderíamos definir como planos habitados por espíritos, de acordo com seu estágio evolutivo.
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A chave para entender e aceitar "Nosso Lar", está em conceber que a morada dos mortos é feita de matéria.
Isso não deve ser motivo de surpresa.
Consideremos os estados conhecidos da matéria: sólido, líquido e gasoso. Uma pedra de gelo é matéria em estado sólido. Derretendo o gelo temos matéria líquida. Se colocarmos a água a ferver, teremos a matéria em estado gasoso a dispersar-se, oferecendo-nos a impressão de que se esgotou, quando apenas tornou-se invisível.
Algo semelhante ocorre com o Continente Espiritual.
Não o visualizamos porque nos faltam sentidos para identificar os elementos que o estruturam.
Não o detectam os mais sofisticados aparelhos de que dispõe a ciência terrestre porque ainda não possuem a necessária sensibilidade.
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Superada essa dificuldade, poderemos ler tranquilamente André Luiz, colhendo valiosas informações sobre as regiões para onde nos transferiremos quando a morte nos contemplar com seu irrecusável convite.
Usaremos, então, outro corpo, feito de matéria sutil, em outra faixa de vibração, denominado "perispírito" por Allan Kardec.
O perispírito guarda a mesma morfologia do corpo físico. É cópia fiel. Assim o espírito tende a conservar a aparência compatível com sua idade ao desencarnar.
Isso nos permite compreender certas ocorrências, envolvendo os espíritos.
Diz o vidente na reunião espírita:
- Fulano está presente.
Como sabe?
É que o vê em seu corpo espiritual.
Reclama um comunicante pela psicofonia mediúnica:
- Ninguém me dá atenção em meu lar. É como se eu falasse com as portas...
Não percebe que morreu.
Por quê?
Porque não enxerga nenhuma diferença entre o perispírito, que lhe serve hoje à exteriorização, e o corpo que o serviu enquanto encarnado.
Richard Simonetti
Enviado por Geraldo Lemos Neto | Vinha de Luz Editora | Ismael Gobbo | SP |Gilberto Adamatti| Do livro: Presença de Deus | Richard Simonetti
02/11/2010
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