"O Dr. Rômulo Joviano, quando diretor de nossos serviços na fazenda modelo, convidara-me, certa vez, para assistir à escolha das reses que deveriam lhes dar os modelos selecionados de seu grande rebanho. Comparecemos o local em que se aglomeravam bois e peões, grande número de serventuários especializados no assunto. Depois de muita luta, em que eram observadas com atenção todas as reses, alguém localizou uma mais moça, cheia de vida, com os requisitos necessários.
Os peões, montados em fortes cavalos, auxiliados por outros a pé, começaram o cerco.
A rês escolhida, focada, sentiu o martírio da perseguição. Lutou quanto lhe foi possível, fugindo, esgueirando-se, escapulindo dos laços, das armadilhas, das chuçadas...Por fim, apanharam-na. Estava com um dos chifres quebrado, sangrando, com o corpo todo cheio de manchas dos choques que recebera. Amarrada, gemendo, vencida, foi jogada ao chão e aí ficou à espera do carimbo da Fazenda, que iria classificá-la como a escolhida.
O ferro, em brasa, apareceu. Marcaram-na. Um cheiro de carne queimada, acompanhado de berros da rês classificada, deu como terminada a tarefa.
Agora, marcada, selecionada, iria ter uma vida de reclusão; ver-se-ia vigiada, analisada. Seria diferente sua vida. Seus gemidos eram bem os prenúncios do martírio que, antecipadamente, sentia e iria encher sua nova existência.
Emmanuel, sempre útil e bom, diz-me:
- Observe a lição, Chico. No rebanho do Senhor acontece o mesmo, quando é escolhido o servidor, como a rês do rebanho de César. Sofre logo de início os primeiros martírios, os sofrimentos da incompreensão, do isolamento. Mas tem de servir, testemunhar...Foi o escolhido e o preço da escolha é a dor, a luta, o exemplo, o sacrifício. (...)"