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Notícia

Identidade espiritual Kardec | Chico Xavier — Indícios significativos


O ANUÁRIO ESPÍRITA, publicação do IDE, é uma edição respeitabilíssima que toda a comunidade espírita nacional acompanha com interesse desde muitas décadas. O seu editor Hércio Arantes, diga-se de passagem, que era totalmente contrário à tese de Chico Xavier ser a reencarnação de Allan Kardec, passou a colecionar casos e indícios do contrário, chegando a convencer-se dessa grande possibilidade. Enumerou então 18 indícios significativos que se apresentaram nos últimos 14 anos à sua observação de pessoa séria e responsável no movimento espírita nacional. Publicou assim um artigo de capa no ANUÁRIO ESPÍRITA 2006 com o significativo título IDENTIDADE ESPIRITUAL KARDEC | CHICO XAVIER — INDÍCIOS SIGNIFICATIVOS. Embora não conclusivos, mas extremamente importantes em suas considerações, nos apresenta esses INDÍCIOS SIGNIFICATIVOS com muita clareza de raciocínio e transparência. Segue a íntegra do artigo.


"Este tem sido um tema polêmico na seara espírita.

 Desencadeado em 1991, com o lançamento da obra Kardec prossegue, de Adelino Silveira (Ed. CEU, SP), favorável à referida identidade espiritual, o assunto provocou a manifestação de opiniões contrárias, não só na imprensa, mas também em livros dedicados exclusivamente à questão. 

Particularmente, não posso criticar as posições radicais de alguns confrades, pois também reagi, com surpresa e relutância, contrário à ideia da identidade, a mim apresentada, primeiramente, pela operosa confreira Maria Aparecida Garbatti (biografada no Anuário Espírita 1994), que residiu aqui em Araras, nos últimos anos de sua existência. Dialogamos, a respeito, pouco tempo antes do lançamento do livro de Adelino, citado acima. 

Ambos, D. Cidinha e Kardec Prossegue, não me convenceram, mas quebraram a resistência inicial, transformando-a em dúvida, estimulando-me à pesquisa do tema. Desde então, passei a anotar observações e guardar tudo o que foi surgindo sobre ele. 

Eis as anotações feitas ao longo dos últimos 14 anos:


1 - Pouco tempo após o lançamento de Kardec Prossegue, o companheiro Alipio González, fundador e diretor da instituição Mensaje Fraternal, de Caracas, Venezuela, perguntou, reservadamente, a Chico Xavier - quando estávamos, em grupo, sentados no pátio do fundo de sua residência, em Uberaba, numa noite quente, ouvindo o belo canto de Miguel Pereira, ao dedilhar o seu violão, a sua opinião sobre o livro referido, naturalmente pensativo sobre o conteúdo do mesmo, e ouviu a lacônica resposta: "Adelino é nosso amigo." 
Essa frase é significativa, porque se Chico notasse na obra referida algo inconveniente à nossa Doutrina, com a qual sempre demonstrou muito amor e zelo, nunca faria uma referência tão elevada ao autor. E, também, tenho a convicção de que o Sr. Oalves, presidente da Editora CEU, amigo íntimo de Chico, que o hospedou numerosas vezes em seu lar e editava somente livros de sua autoria mediúnica, nada publicaria sem consultá-lo.


2 - O mesmo respeito que Chico teve para com o livro Kardec Prossegue ele também o externou diante da mensagem "A Volta de Allan Kardec", de Hilário Silva, psicografada por Antônio Baduy Filho (médium das obras Histórias da Jilda, Hilário Silva e Valérium e Decisão, André Luiz, IDE), na reunião de abertura da 34' COMMETRIM, a 31/10/97, em ltuiutaba, MG. Foi o primeiro esclarecimento público sobre a questão, que veio do plano espiritual. O médium, após lê-la diante dos presente e, naquele momento, tomando ciência do seu conteúdo, preocupou-se com sua divulgação, sem, antes, ouvir a opinião de Chico Xavier. Então, a dirigente da Confraternização encarregou-se desse contato e, de fato, ao ouvir o médium, em Uberaba, colheu a seguinte informação: se ele a havia recebido, deveria publicá-la. Diante desse apoio, Baduy remeteu-a à União Espírita Mineira, promotora da COMMETRIM, deixando ao critério dos seus dirigentes publicá-la ou não. E na edição de abril/maio 98, do jornal daquela instituição, O Espírita Mineiro, de Belo Horizonte, MG, a referida mensagem foi publicada na íntegra. 
E, em 18/04/99 e 16/04/04, Baduy recebeu mensagens de André Luiz, intituladas "Louvor a Kardec" (O Espírita Mineiro. set./out. 99) e "Kardec e Jesus" (AE 2005), nas quais destaca "a volta do Mestre de Lyon à crosta terrestre, vestindo a pele trigueira do medianeiro humilde, para desdobrar a Codificação."


3 - O livro Obras Póstumas ("Meu Retorno", p. 289, IDE) registra a seguinte informação do Espírito da Verdade dada a Kardec, em 1860: “Não ficarás muito tempo entre nós; é necessário que retomes para terminar a tua missão, que não pode ser rematada nesta existência." E, após essa mensagem, o missionário escreveu uma nota concluindo que a sua próxima reencarnação seria "ao fim deste século ou ao começo do outro." Digno de nota é que, também, através de outros médiuns e em outros momentos, as entidades Zéfiro, Dr. Demeure e Luís de França disseram o mesmo ao mestre lionês.

A propósito, Kardec Prossegue (p. 116) registra a seguinte pergunta do Autor: " - Chico, Allan Kardec realmente reencamou no início do século como está previsto no livro Obras Póstumas?", que obteve esta resposta: " - Eu não posso dizer coisa nenhuma, porque eu não tenho informações positivas de Emmanuel sobre o assunto. (...) Eu aceito o que está escrito no livro Obras Póstumas e mesmo em outras publicações." 

Portanto, Chico demonstrou claramente sua aceitação da reencarnação de Kardec anunciada pelo Espírito da Verdade ("que é o próprio Senhor", no esclarecimento do Instrutor Alexandre, em Missionários da Luz, André Luiz, Francisco C. Xavier, cap. 9, p. 99, 17' edição FEB.).


4 - Observa-se, no item anterior, que Chico se referiu a "outras publicações" que também anunciam a volta do Codificador. É o que nos diz, por exemplo, a mensagem de Lavater (espírito), um precursor do Espiritismo, datada de dezembro/1874, pela médium francesa W. Krell que psicografou a famosa prece de Cárita (AE 2002, p. 98 e 2003, p. 182.)], após referir-se à missão anterior de Kardec na figura de João Huss: 

"Esse espirito, muito bom, sempre devotado, já se ocupa com o momento em que ele retomará, pela terceira vez, para trazer uma pedra ao jovem edifício da religião universal do porvir. Ele conta para ajudá-lo, nessa terceira tarefa, com os caminhos que, vocês, seus discípulos, estão encarregados de preparar para sua obra." (Reflexos da Vida Espiritual, CELD, Rio, RJ, cap. 151.).

Na época em que transmitiu esta mensagem, Lavater (1741-1801), certamente, estava bem informado da missão do Brasil como pátria do Evangelho, pois já se aproximava o momento de sua reencarnação em Terras de Vera Cruz com o nome de Euripedes Barsanulfo ( 1880-1918).(AE 2003, p. 188.) .


5 - Quando estudava em Ribeirão Preto, SP, na década de 60, recebíamos sempre notícias de Chico através do companheiro João Augusto de Oliveira, nosso querido "tio João" (AE 1998, p. 136), desencamado em 1997. Vendedor de calçados em toda a região, viajava muito e, sempre que podia, comparecia às peregrinações de sábado, em companhia de Chico, de quem se tomou grande amigo. Certo dia, tio João trouxe a seguinte revelação do médium amigo: ele preparou-se durante 40 anos, no Além, para a sua tarefa mediúnica. E um número que foi sempre lembrado por mim devido à importância desta informação para o estudo da mediunidade. E recordando hoje que transcorreram 41 anos (1869 -1910) entre a desencamação de Kardec e o nascimento do Chico...


6 - Dr. A. Demeure foi um confrade que se correspondia com Kardec e, após sua desencarnação, em 1865, tornou-se um protetor constante do Codificador. No Brasil, desde o início da mediunidade de Chico, 1927, integrou-se à equipe dos médicos que receitava remédios homeopáticos, atuante até 1979 (AE 1988, p. 135..) E também prestou valiosa assistência à Nelma, sobrinha do médium. (Amor e sabedoria de Emmanuel, Clóvis Tavares, IDE, cap. 11. ). Após a mudança de Chico para Uberaba, por vezes, comunicavam- se no Sanatório Espírita, desta cidade, Gabriel Delanne e Léon Denis. (Na próxima dimensão, Inácio Ferreira, C. A. Baccelli, LEEPP, p. 58.). Outro importante colaborador da Codificação, o astrônomo Flammarion, também participou da missão de Chico Xavier, com o pseudônimo de Lucius, através da médium Heigorina Cunha. Isto é, programou e orientou todo o trabalho de Heigorina, muitas vezes transmitindo informações pelo médium de Uberaba, dando origem aos livros Cidade no além (em coautoria com André Luiz e Francisco C. Xavier) e Imagens do além (IDE). A médium sacramentana recebeu a confirmação da identidade de Lucius pelo próprio Chico, que, naquela época, a presenteou com o romance Estela (FEB), de autoria de Flammarion.

 
7- Em 1957, D. Corina Novelino, autora de Eurípedes - O homem e a missão, e outras companheiras de Sacramento, MG, ouviram de Chico Xavier um relato de seu recente comparecimento, no Além, em desdobramento, a um encontro comemorativo do Centenário da Codificação. Perguntado sobre a provável presença de Kardec no evento, ele se limitou a dizer que o mesmo foi presidido por Léon Denis. E Kardec, estaria ausente?

 

8 - Os principais colaboradores da missão de Kardec: Flammarion, Gabriel Delanne e Léon Denis desencarnararn, respectivamente, em 1925, 1926 e 12/04/1927. Apenas três meses após o regresso de Denis, que liderava o movimento espírita, surgiu, naturalmente, um novo líder, despretensioso e humilde, na figura de Chico Xavier, iniciando seu apostolado mediúnico em 08/07/1927.


9 - Apesar do seu aprendizado escolar tão limitado, Chico escreveu, em 1931, aos 21 anos de idade, a bela introdução "Palavras minhas" para o seu primeiro livro: Parnaso de além-túmulo. Neste texto, ele confessa: "Sempre tive o mais pronunciado pendor para a literatura; (...) em casa, sempre estudei o que pude, mas meu pai era completamente avesso à minha vocação para as letras, e muitas vezes tive o desprazer de ver os meus livros e revistas queimados." Outras admiráveis apresentações foram elaboradas por ele para as obras: Cartas de uma morta (1935), Emmanuel (1937, quando apresenta ao leitor seu guia espiritual) e, provavelmente, em nome dos trabalhadores do Grupo Espírita, de Pedro Leopoldo, MG, O Consolador (1940). 

Em 1935, o médico Dr. Christiano Ottoni, que integrava a banca examinadora do Grupo Escolar de Pedro Leopoldo, declarou ao repórter que "as possibilidades intelectuais de Chico são grandes: a inteligência muito lúcida, superior à normal, excelente memória, grande poder de assimilação e presença de espírito." (Notáveis reportagens com Chico Xavier; IDE, cap. 13.)  A sua intelectualidade, conforme analisamos no livro Mediunidade na Bíblia -Telas Famosas sob a Visão Espírita, IDE, cap. 42 (no prelo), geralmente, sempre foi pouco reconhecida, confundida com a exuberante manifestação mediúnica, isto é, considerando-a quase somente como manifestação dos espíritos.

10 - Criou-se no meio espírita, talvez baseando-se nas suas imagens fisionômicas divulgadas, o falso conceito de que Kardec era muito sério, severo, frio e incapaz de sorrir. Portanto, é oportuno lembrar o seguinte fato: contrastando com a atualidade, observa-se facilmente que, desde as épocas mais recuadas, geralmente, os retratados em telas e, a partir do século XIX, também em fotografias, se mostram com a fisionomia grave, austera, e mesmo solene, pois, no entendimento geral, era considerada a melhor aparência representativa da respeitabilidade e da firmeza moral. E, lendo, a seguir, tópicos dos únicos e fiéis depoimentos encontrados na literatura, de confrades que conviveram com ele, o leitor concluirá que a personalidade do Codificador era bem diferente daquela imaginada por muitos, sendo, na verdade, típica de um espírito elevado, muito semelhante à de Chico Xavier, isto é, dotado não só de um cérebro privilegiado, mas também de um formoso coração. 
"(...) e dando informações a todos os investigadores sérios, com os quais falava com liberdade e animação, de rosto ocasionalmente iluminado por um sorriso genial e agradável, conquanto tal fosse a sua habitual seriedade de conduta que nunca se lhe ouvia uma gargalhada." Anna Blackwell (História do Espiritismo. A. Conan Doyle, Ed. Pensamento, s. Paulo, SP, p. 394.) 

"(...) na casa de Leymarie, se distraía a contar anedotas de alto nível, às quais não faltavam ditos gauleses. Aos domingos, convidava amigos para jantar em sua Vila Ségur. Então, o grave filósofo, depois de haver debatido os pontos mais difíceis e mais controvertidos da Doutrina, esforçava-se por entreter os convidados. Mostrava-se expansivo, espalhando bom humor em todas as oportunidades." (Texto baseado em depoimento de P. G. Leymarie )

"Todos lhe proclamam o gênio (...) mas, estarão eles em condições de apreciá-lo em sua vida privada, isto é, por seus atos? Puderam avaliar a bondade do seu coração, avaliar-lhe o caráter tão firme quão justo, a benevolência de que usava em suas relações, sua prudência e sua extrema delicadeza? Não. (...) Não mais pararia eu de falar, se tivesse necessidade de vos lembrar os milhares de fatos desse gênero, conhecidos tão-somente por aqueles que Allan Kardec socorreu; não amparava apenas a miséria, levantava também, com palavras confortadoras, o moral abatido. Jamais, porém, sua mão esquerda soube o que dava a direita. " Alexandre Delanne (Allan Kardec, Zêus Wantuil e F. Thiesen, FEB, Vol. III, pp. 131 e 136 a 138.) Na área da caridade, observemos o entusiasmo de Kardec com a assistência domiciliar aos necessitados, que foi uma atividade à qual Chico Xavier dedicou-se com carinho e perseverança, desde o início de sua missão: 

"Não podemos, pois, senão encorajar, com todas as nossas forças, a beneficência coletiva nos grupos espíritas; conhecemo-la em Paris, na Província e no estrangeiro, que são fundadas, se não exclusivamente, pelo menos principalmente com esse objetivo, e cuja organização não deixa nada a desejar; ali, os membros devotados vão ao domicílio se informarem dos sofrimentos, e levar o que vale, algumas vezes, mais do que os socorros materiais: as consolações e os encorajamentos. Honra a eles, porque bem merecem do Espiritismo! Que cada grupo agisse assim em sua esfera de atividade, e todos juntos realizarão melhor do que não o poderia fazer uma caixa central quatro vezes mais rica." (Projeto de Caixa Geral de Socorro, Revista Espírita, Vol. IX, 7/1866, IDE, p. 204.)


11 - Kardec, ao receber homenagens públicas, transferiu-as ao Espiritismo. (Revista Espírita, vol. IV, 11/1861, p. 329 e 340; vol. V, 06/ 1862, p. 185. ) E Chico Xavier, ao receber títulos de cidadania, transferiu tais homenagens à Doutrina Espírita. 



12 - Kardec entusiasmou-se com pomada medicinal (Revista Espírita, vol. V, 11/1862.) e Chico sempre divulgou, com muita convicção, a pomada Vovô Pedro, ambas de origem mediúnica. 



13 - Em Crônicas de Além-Túmulo (F.C. Xavier, FEB, 1937) Humberto de Campos exalta a figura de Kardec, descrevendo sua desencarnação, e entrevista Judas, Pedro, Sócrates e Tiradentes. E uma pergunta fica no ar: por que ele nunca entrevistou o Codificador?


14 - A primeira revelação da identidade espiritual João Huss/Kardec é datada de 1857, através de Ermance Dufaux, cuja fidelidade mediúnica foi enaltecida pelo Codificador. Tal mensagem foi copiada pelo Dr. Canuto Abreu, em 1921, em Paris. Guardada na Maison des Spirites, foi destruída durante a II Guerra Mundial. (A Missão de Allan Kardec, C. Imbassahy, FEP.) Evidentemente, pela sua humildade, em face da grandeza do missionário cristão tcheco (1369-1415), Kardec não a divulgou. Mas, certamente, os seus companheiros sabiam. Um deles, o pintor Monvoisin, elaborou e doou à Doutrina oito quadros, entre eles "O Auto-de-fé de João Huss", com vistas ao Museu do Espiritismo, idealizado pelo Codificador, que considerou tais telas "verdadeiras obras-primas de arte, especialmente executadas, tendo em vista o Espiritismo." (Revista Espírita, 12/1868 e 06/1869, e 4E 2002, p.126.) 

Chico Xavier também ocultou ao máximo seu passado espiritual. Em 1935, ao repórter de O Globo, referiu-se "a lembranças espontâneas (sonhos) que não eram de minha existência atual", desde a adolescência, relacionadas à França. (Notáveis Reportagens com Chico Xavier; cap. 4.)  E no seu prefácio para a obra Emmanuel (FEB ), em 1937, assim se expressou: "Muitas vezes, quando me coloco em relação com as lembranças de minhas vidas passadas e quando sensações angustiosas me prendem o coração, sinto-lhe a palavra amiga e confortadora. Emmanuel leva-me, então, às eras mortas e explica-me os grandes e pequenos porquês das atribulações de cada instante. Recebo, invariavelmente, com a sua assistência, um conforto indescritível, e assim é que renovo minhas energias para a tarefa espinhosa da mediunidade, em que somos ainda tão incompreendidos.


15 - Em 1978, Chico esteve em Araras para assinar a escritura de direitos autorais dos dez primeiros livros doados ao IDE. (Encontros no Ipê, IDE, p. 144.) Após o ato, que se realizou na sede do IDE, ele manteve um diálogo fraterno com os diretores da instituição. Nesta oportunidade, apresentei ao Chico um pequeno pacote de mensagens, de autoria mediúnica, ainda inéditas em livro. A maioria se tratava de Kardec e, assim, eu pensava que daria um volume inteiramente sobre o Codificador, pois, curiosamente, entre as 412, não há uma obra de Chico exclusivamente sobre a vida ou/e missão de Kardec. Disse-Ihe que não era a intenção de pleitear, com aquele material, mais um livro para o IDE; que as mensagens deveriam ficar com ele para serem enfeixadas, oportunamente, em algum livro. Mas, para minha surpresa, após rápida análise do material, devolveu o pacote, dizendo: "Guarde-o." Não voltei mais ao assunto, nem ele, embora mantivéssemos contatos frequentes em função do trabalho editorial do IDE.  Em 1995, com a produção mediúnica de Chico já bem reduzida, face de seu estado de saúde, o dedicado secretário Vivaldo procurava reunir mensagens já divulgadas, mas ainda não incluídas em livros, para organizar novas obras, sob a orientação do médium e de Emmanuel, pedindo a colaboração dos confrades. Então, atendendo à solicitação, apresentei ao Vivaldo aquele pacote de mensagens; contudo, algumas delas, recentemente, já haviam sido incorporadas em livros. Mesmo assim, o que restou serviu de base para a obra Doutrina-Escola, lançada pelo IDE, em 1996. E, para minha surpresa, os originais deste livro vieram com o pedido do Chico para que eu fizesse o prefácio... Haveria um desconforto de Chico, reflexo de sua humildade, considerando que tinha consciência de sua vida anterior, em lançar uma obra específica sobre o Codificador, dentro de sua tarefa mediúnica? Esse fato explicaria também a não inclusão, na série de suas obras psicografadas, da mensagem "Lembrando Allan Kardec" (que fazia parte daquele pacote, sendo incluída na obra Doutrina-Escola), que enaltece mais ainda o Codificador, ao identificá-lo na figura do devotado João Huss, que recebeu do próprio Cristo a missão de implantar na Terra o Consolador prometido -, de autoria de Irmão X, recebida em 1942, sendo que, após esta data, várias obras deste mesmo autor foram lançadas?


16 - Sempre cultivei fraterna amizade com a dedicada Neuza Barsanulfo Arantes, Neuzinha, na intimidade, que pertenceu à equipe de colaboradores de Chico Xavier, desde que ele radicou-se em Uberaba. Ela desencarnou em 04/01/95 (AE 1996. p. 146.), após seis meses de grave enfermidade, período em que ela ficava a maior parte de seu tempo na casa de Chico, ainda cooperante, apesar de debilitada. Nesta fase, numa noite de sábado, num recanto do pátio do Grupo Espírita da Prece, ela disse-me: "Certo dia, quando eu trabalhava com o Chico, e estando um exemplar de Kardec Prossegue à vista, sobre a mesa, e não aceitando ainda a identidade espiritual que aquele livro divulga, pensei  'Será possível? Chico não tem a mesma personalidade de Kardec, um homem muito sério e austero. Chico é meigo, delicado....' Daí a pouco, ele surpreendeu-me, ao afirmar: "Eles se enganam com a personalidade de Kardec; ele não era como pensam." 
Num outro momento, Chico contou-lhe uma passagem da vida de Kardec, quando ele caminhava, em Paris, carregando um pacote de livros espíritas. Ao seu lado, estacionou uma carruagem transportando a célebre escritora francesa, espiritualista, George Sand, que lhe falou: "Professor, aonde vais com estes livros?" Chico, emocionado, chorou em seguida, não detalhando aquele encontro, mas, a seguir, narrou-lhe alguns fatos da vida da escritora.

A seguir, perguntei-Ihe: "Qual a sua interpretação do fato?" Chico contou-lhe o que ouviu de alguma entidade ou estava recordando o seu passado?

Neuzinha disse-me, então, acreditar convictamente que, naquele episódio, o médium recordou-se de um lance de sua vida anterior. 

É interessante lembrar que, quando do lançamento de O Livro dos Espíritos" o Codificador enviou a George Sand, gentilmente, um exemplar desta obra, acompanhada de uma bela e expressiva carta, transcrita integralmente no livro Allan Kardec. Vol. III, p. 17. 

Em fins de 1995, aproximadamente um ano após esses diálogos com Neuzinha, Chico concedeu uma entrevista a Gugu Liberato quando, ao responder à pergunta "Você sabe dizer quem foi em outras encarnações?", assim se expressou: "Ah... não sei exatamente. Tenho ideias lampejantes, mas não tenho certeza. Devo ter tido uma experiência sem destaque e nenhum poder de força. Desta vez voltei para a mediunidade, que representou um serviço para mim. A mediunidade sempre foi minha tarefa diária durante 68 anos." (AE 1997, p. 155.).


17- No livro Na Próxima Dimensão, do Dr. Inácio Ferreira, espírito, Carlos Baccelli, cap. 8, 9 e 12, lançado em 2002, o autor debate com alguns companheiros e esclarece o nosso tema, dando a identidade espiritual Kardec/Chico Xavier. 



18 - Além de Baduy e Baccelli, tivemos a notícia de que um outro médium, também conceituado, transmitiu, há décadas, apenas aos seus amigos mais íntimos, a mesma informação quanto à identidade espiritual em análise. 

Relatou-nos a estimada irmã Heigorina Cunha em sua residência, chácara que pertenceu aos seus pais, em Sacramento, MG, na tarde de 1 de março de 2002, o seguinte: em 1952, ao final de um culto cristão familiar, dirigido por sua mãe, Eurídice Miltan Cunha, mais conhecida por D. Sinhazinha, irmã de Eurípedes Barsanulfo, foi mostrado aos presentes um pequeno impresso contando, numa das faces, uma mensagem psicografada por Chico Xavier, e na outrra uma foto deste médium. Foi quando, pela primeira vez, Heigorina ficou conhecendo a linha do psicógrafo, que então residia em Pedro Leopoldo-MG. Naquela reunião íntima comparecia o devotado médium Luiz Ferreira da Cunha, chamado carinhosamente, por todos, de "tio Luizinho" (talvez por ser lembrado como tio de Eurípedes, sendo irmão de D. Meca), que se destacou como clarividente.

O impresso referido foi passado de mão em mão e quando chegou a vez do tio Luizinho ele colocou-o sobre a mesa, com a foto de Chico Xavier à vista, ao lado do livro lido no culto - O Evangelho Segundo o Espiritismo, antiga edição encadernada, da FEB, que apresentava, na capa, a imagem de Kardec em alto-relevo e, virando-se para a Heigorina, que estava ao seu lado, perguntou-lhe: "Menina, você sabe quem é Chico Xavier?" E, com o dedo indicador, ele apontou para as duas figuras, ora para uma, ora para a outra, por duas ou três vezes. Heigorina, surpreendida, entendeu a mensagem, permanecendo calada e pensativa, nunca mais se esquecendo desta interessante revelação do querido e respeitado tio Luizinho, que regressou à pátria espiritual a 27/9/1959, ainda lúcido, em idade avançada.


Em face desses significativos indícios, hoje não mais tenho dúvida do regresso de Kardec em solo brasileiro para dar continuidade ao seu elevado compromisso com a Terceira Revelação. Em certo momento, este estudo recebeu grande incentivo de um caro confrade, promotor público, quando, dialogando com ele sobre o tema, disse-Ihe que, na pesquisa em andamento, eu tinha reunido apenas indícios. E, então, informou-me que, na área jurídica, os indícios são muito importantes, pois, muitas vezes, são decisivos num julgamento, mesmo sem prova direta. 

Ao término deste despretensioso trabalho, quero registrar que já encontrei, em alguns confrades, uma fácil aceitação da identidade espiritual em tela com o seguinte raciocínio lógico, dispensando indícios: conforme relata Obras Póstumas, se o Espírito da Verdade programou a volta de Kardec para completar sua missão, após poucas décadas, quem teria, no século que se seguiu, desenvolvido tal apostolado, senão Chico Xavier?"



Hércio M. C. Arantes | Matéria de capa do ANUÁRIO ESPÍRITA 2006 | Edição IDE | Enviado por Geraldo Lemos Neto | Vinha de Luz - Serviço Editorial
03/11/2009
 


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