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Notícia

Palavras de Camille Flammarion ao lado do esquife de Allan Kardec





Allan Kardec — O codificador da Doutrina dos Espíritos

"Tu foste o primeiro, ó mestre e amigo! Tu foste o primeiro que, desde o começo de minha carreira astronômica, testemunhou uma viva simpatia por minhas deduções relativas à existência das humanidades celestes; porque, tomando nas mãos o livro "Pluralidade dos mundos habitados", puseste-o a seguir na base do edifício doutrinário que sonhaste.
 
Muitas vezes, nos entretínhamos, juntos, sobre esta vida celeste tão misteriosa.
 
Agora, ó alma!, sabes, por uma visão direta, em que consiste essa vida espiritual, à qual todos retornaremos, e que esquecemos durante esta existência.
          
Agora voltaste a esse mundo de onde viemos e colhes o fruto de teus estudos terrenos.
 
Teu invólucro dorme aos nossos pés, teu cérebro está extinto, teus olhos estão fechados para não mais se abrirem, tua palavra não mais será ouvida!...
 
 Sabemos que todos nós chegaremos a este último sono, à mesma inércia, à mesma poeira.
 
Mas não é neste envoltório que pomos a nossa glória e a nossa esperança.
 
O corpo cai, a alma fica e retorna ao Espaço.
 
Encontrar-nos-emos num mundo melhor.
 
E, no céu imenso, onde se exercitarão as nossas mais poderosas faculdades, continuaremos os estudos que na Terra dispunham de local muito acanhado para os conter.
 
Preferimos saber esta verdade a crer que jazes por inteiro neste cadáver, e que tua alma tenha sido destruída pela cessação do jogo de um órgão.
 
A imortalidade é a luz da vida, como este sol brilhante é a luz da natureza.
          
Até a vista, meu caro Allan Kardec, até a vista."



Camille Flammarion


Biografia de Camille Flammarion
 
"O corpo passa. A alma vive no infinito e na eternidade."
  Nicolas Camille Flammarion, 1923.
 

 Dos ilustres frequentadores da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, contemporâneos a Kardec, o mais polêmico é o jovem astrônomo Camille Flammarion.
 
 Nicolas Camille Flammarion nasceu em Montigny-Le-Roy, França, no dia 26 de fevereiro de 1842.
 
Flammarion significa "aquele que leva a luz".
 
Ele foi um homem cujas obras encheram de luzes o século XIX.
 
Ele era o mais velho de uma família de quatro filhos, entretanto, desde muito jovem se revelaram nele qualidades excepcionais.
 
Aos quatro anos de idade, já sabia ler e escrever e aos cinco já dominava rudimentos de gramática e aritmética.
 
Tornou-se o primeiro aluno da escola que frequentava.       
 
Após uma epidemia de cólera, seus pais passaram por dificuldades financeiras e mudaram-se para Paris.
 
Flammarion, em 1856, então com 14 anos de idade, passa a trabalhar para se manter.
 
O trabalho era áspero e o patrão exigia que tudo fosse feito com rapidez. Pretendia completar seus estudos, principalmente a matemática, a língua inglesa e o latim.
 
Passou a estudar na Associação Politécnica de Paris, em cursos gratuitos.
       
Aos 16 anos de idade, Camille Flammarion foi presidente da Academia.
 
Nessa mesma época, escreveu "O mundo antes da aparição dos homens" e "Cosmogonia universal". 
 
Gostava mais da Astronomia que da Geologia.
 
Assim era sua vida: passar mal, estudar demais, trabalhar em exagero.
 
Num desmaio na Igreja, o doutor Edouvard Fornié foi consultá-lo e prometeu-lhe colocá-lo no Observatório de Paris como aluno de Astronomia.
      
Ele tinha por hábito, como pesquisador nato que era, diariamente, ao passar pelo Odéon, deter-se nas galerias desse teatro para folhear as publicações.
 
Em novembro de 1861, abrindo uma delas, seus olhos pousaram sobre uma página que ostentava o título "Pluralidade dos mundos".
 
Diz Flammarion: "Ora, precisamente nessa época eu trabalhava numa obra referente a tal assunto...", que seria lançada no ano seguinte.
 
A publicação por ele aberta era "O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec.
 
O que mais o intrigou é que a origem das informações estava atribuída a espíritos, o que ele resolveu verificar.
 
Refeito da surpresa, levou o volume e leu-o com a sofreguidão de sempre, característica de sua imensa sede de conhecimento.
       
Procurou Allan Kardec e passou a assistir às reuniões da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.
 
Na Sociedade, ele obteve diversas mensagens assinadas por Galileu, algumas das quais Kardec inseriu em "A Gênese".
 
Pouco tempo depois, o mestre o  convidou a ingressar na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, como "membro-associado livre".
 
Flammarion declara, sem esconder sua justa satisfação, que o respectivo documento de inscrição, datado de 15 de novembro de 1861, fora assinado pelo próprio presidente, Allan Kardec.
 
Torna-se espírita convicto e amigo pessoal e dedicado de Allan Kardec, tendo sido o orador designado para proferir as últimas palavras à beira do túmulo do codificador do Espiritismo, a quem denominou "O bom senso encarnado".
 
Em 1862, sai do Observatório de Paris e continua seus estudos, no sentido de legar à humanidade os mais belos ensinamentos sobre as regiões silenciosas do Infinito.

Publica no mesmo ano a sua obra "Pluralidade dos mundos habitados", atraindo a atenção de todo o mundo estudioso.
 
Em 1870, escreveu e publicou um tratado sobre a rotação dos corpos celestes, através do qual demonstrou que o movimento de rotação dos planetas é uma aplicação da gravidade às suas densidades respectivas.
       
Funda a revista L´Astronomie, em 1882, que é editada até hoje, e que provocaria o surgimento do Boletim Astronômico do Observatório de Paris.
 
Seus livros, repletos de ciência, filosofia e poesia, granjearam a admiração em todo o mundo.
 
Por essa época, recebe a doação de uma imensa propriedade, onde após dois anos de obras instala o seu Observatório de Juvisy, fundando-o em 1883, onde passou a realizar seus trabalhos nas áreas de Astronomia, Climatologia e Meteorologia.
 
Em 1896, descobriu o chamado "Ciclo de Flammarion", período de 54 anos no qual se repetem nas mesmas regiões da Terra os eclipses do Sol.
       
Em 28 de janeiro de 1887, reúne em sua residência vários astrônomos, amigos da ciência e colaboradores para criar a Sociedade Astronômica da França. D. Pedro II é um dos primeiros membros fundadores, bem como o "Pai da Aviação" e astrônomo amador Alberto Santos Dumont.
       
Diversas foram as obras escritas por Flammarion e grande foi sua contribuição para a Astronomia e o Espiritismo, tornando-se um baluarte, pois, sempre coerente com suas convicções inabaláveis, foi um verdadeiro idealista e inovador.
 
Ele veio a desencarnar em Juvisy, na França, a 3 de junho de 1925.
 
Sobre ele, dizia Gabriel Delanne: "Foi um filósofo enxertado em sábio, possuindo a arte da ciência e a ciência da arte".
 
Já Michelet o denominava "poeta dos Céus".

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Fonte: site da Escola Jesus Cristo - Instituição Espírita de Cultura e Caridade. A Escola Jesus Cristo é uma instituição espírita fundada por Clóvis Tavares, sob inspiração espiritual de Nina Arueira, em 27 de outubro 1935.


Enviado por Geraldo Lemos Neto | Vinha de Luz Editora
16/05/2011
 


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