Therezinha Oliveira
Nascida em Cravinhos e criada em Santos, Therezinha de Oliveira, hoje com 80 anos, tinha quase 10 anos quando o pai desencarnou. Acabou indo morar em Ribeirão Preto, terra da mãe, depois na capital paulista e, em 1956, partiu para a cidade na qual vive até hoje, Campinas.
Foi nesse município que se tornou professora primária pelo Instituto de Educação Carlos Gomes, mas não chegou a lecionar, por haver ingressado, por concurso público, no serviço da Prefeitura do Município de Campinas, em 1959, onde ficou até se aposentar.
Além da vida normal na cidade paulista, Therezinha assumiu outro papel: o de forte atuação no Movimento de Mocidades Espíritas, considerado por ela uma “descoberta entusiasmante”. Seu envolvimento teve início no Centro Espírita Allan Kardec (Ceak), em bairro central de Campinas. “Contatando jovens e adultos pelo Brasil afora, entendi que não estamos sós em nosso ideal e que, com o conhecimento espírita e o entendimento cristão, muito se pode fazer por nosso progresso e o da humanidade. Embora esse muito seja o pouco de que somos capazes, ele é indispensável para o progresso geral. E, cada um dando o seu melhor, a soma será sempre expressiva e valiosa”, declara.
Therezinha conheceu a Doutrina nos tempos de Ribeirão Preto, quando a mediunidade da mãe “teria aflorado”. Foi lá que participou do “catecismo espírita”, no Centro Espírita Eurípedes Barsanulfo, e a acompanhava nas reuniões em que atuava como médium. Em São Paulo, esteve em esporádicas reuniões mediúnicas, ainda como acompanhante da mãe, porém, quando se mudou para Campinas, a família toda ingressou no movimento do Ceak.
“Logo que cheguei em Campinas, integrei-me na Mocidade Espírita do `Allan Kardec’, que me ensejou conhecer e participar do movimento dos jovens espíritas brasileiros, por meio das Concentrações de Mocidades Espíritas do Brasil Central e do Estado de São Paulo. Nesse movimento, tive a oportunidade de fazer valiosa rede de amizades em vários estados brasileiros e de começar o trabalho de divulgação oral, depois de participar, de forma inesperada, do ‘concurso de oratória’ em Bauru, em 1959. O envolvimento da trabalhadora teve tanta importância que, inspirado nela, nasceu o hino Mocidade no Evangelho, recebido por ocasião da XIII Concentração de Mocidades Espíritas do Brasil Central e do Estado de São Paulo, realizada em Campinas, em 1960.
“A flâmula dessa concentração trazia um evangelho aberto, sobre ele uma rosa, e a letra do hino dizia: Mocidade, rubra rosa rescendendo suave olor é o símbolo perfeito de tua graça e teu vigor. Mocidade, o Evangelho é o solo benfeitor, de que a rosa haure o alento para a paz e para o amor. Essa composição musical está no CD Na Luz da Inspiração, em que canto músicas e declamo poesias que me foram inspiradas”, relembra Therezinha.
No Ceak de 1965 até 1970, Therezinha começou a formular os cursos doutrinários, ocupou o cargo de secretária e, depois, o de presidente. Atualmente, responde pela Coordenadoria de Estudos e Divulgação Doutrinária.
Theresinha, você escreveu vários livros. Quais são?
Na série Estudos e Cursos, são sete livros: Iniciação ao Espiritismo; Mediunidade; Reuniões Mediúnicas; Fluidos e Passes; Oratória a Serviço do Espiritismo; Estudos Espíritas do Evangelho; Orientação Mediúnica. As demais obras, doutrinárias e evangélicas, compõem um total de 15 títulos: Espiritismo (A Doutrina e o Movimento); Parábolas que Jesus Contou (E Valem para Sempre); Jesus, o Cristo; Na Luz do Evangelho (A Mensagem do Amor); Na Luz do Espiritismo (Tudo se Esclarece); Na Luz da Mediunidade (Os Mortos Vivem e se Comunicam); Na Luz da Reencarnação (A Vida É Sempre Vida); Quando o Evangelho Fala; Quando o Espiritismo Fala; Conversando com os Espíritos na Reunião Mediúnica; Para Ler e Reler; Mulher e Mãe (Uma Homenagem); Ante os Problemas Humanos; Coisas que Não Esqueci (Porque me Ensinaram Muito); A Eterna Mensagem (Revelações Espirituais ao Longo dos Tempos) e O Evangelho É Simples Assim. Há, ainda, quatro folhetos, de boa aceitação e utilidade na casa espírita: Ante os que Partiram; Reencarnação é Assim...; Suicídio? Um Doloroso Engano; e Chegando à Casa Espírita. Aproveito para esclarecer que o folheto Deixem-me Viver não é de minha autoria. Ele se baseia em depoimento do Dr. E. Nathanson e só colaborei na sua organização, para ser publicado por nossa editora. No prelo, estão dois livros dedicados às crianças: O Sino de Cristal e A Empregada Feia. Os direitos de toda essa produção foram entregues à Editora Allan Kardec, do Ceak, que destina os rendimentos à manutenção de suas obras sociais.
E com relação a palestras. Você continua atendendo a pedidos fora de Campinas?
Sim, mercê de Deus, tenho podido atender a convites de outras cidades, para falar sobre a Doutrina Espírita e as sublimes instruções do Evangelho de Jesus, o que me enseja, ainda, cultivar antigas amizades e formar novos conhecimentos.
Você se lembra bem de quando Chico Xavier recebeu o título de cidadania, em Campinas, em 1974...
De fato, em 27 de julho de 1974, Chico Xavier recebeu em Campinas, por voto unânime dos vereadores campineiros, o título de cidadão, em cerimônia no Ginásio de Esportes do Taquaral. O Movimento Espírita prestou-lhe muitas outras homenagens. À noite, no Ceak, ele recebeu cerca de 3 mil populares que ali compareceram para congratular-se com ele e demonstrar-lhe o seu afeto. E Chico esmerou-se em retribuir a cada um, incansavelmente, o seu aperto de mão, presenteando-os com uma rosa.
Pelo que consta, foi emocionante o discurso de Chico naquele ano em que, coincidentemente, Campinas comemorava o bicentenário.
Sim. Como registrou Mário Tamassia, em folheto da época, Chico disse que uma “força compulsiva” o levava a revelar o que estava acontecendo ali, no plano invisível: o ginásio se transformara em “santuário de luz” e, diante dele, “personalidades e quadros de Campinas do passado desfilavam através de processos que não sabia definir”. Aludiu, o médium, a episódios da história campineira, citando nossos grandes homens, como Barreto Leme, Quirino dos Santos, Campos Sales, Carlos Gomes e Francisco Glicério. E comentou que Emmanuel lhe explicara o porquê da presença de tantos vultos nobres na ocasião: Isso se verifica em função do bicentenário da cidade, sendo que em todo mês de julho corrente, amigos espirituais têm vindo, quando possível, à cidade, a fim de compartilhar da referida comemoração. Na manhã seguinte, Chico compareceu a uma reunião promovida pela União das Sociedades Espíritas (USE), na Casa do Caminho, que mantém a Casa da Criança Meimei, para um encontro com os dirigentes espíritas campineiros e também concedeu entrevista ao Diário do Povo.
E, hoje, como enxerga o movimento espírita?
O movimento espírita é muito expressivo e atuante e altamente promissor para o futuro, se houver, de nossa parte, fidelidade doutrinária nos trabalhos que executamos e o cuidado de preparar as novas gerações para a continuidade dos ideais e labores espíritas.
E quanto à bibliografia espírita, produzida mediunicamente e por autores encarnados, acredita que tem sido produtiva?
A literatura espírita requer atenção e melhor seleção, por todos nós, para que não perca o bom nível com que tem conquistado leitores em todas as classes sociais.
O apelo comercial tem sido muito grande, em detrimento da qualidade dos livros espíritas ou rotulados de espíritas?
Realmente, o interesse e a aceitação populares pelos temas espíritas tornaram comercialmente lucrativos os investimentos nessa área e muitos são atraídos pela oportunidade de sucesso fácil.
Que fazer para mudar esse quadro?
Divulgar ainda mais a boa literatura, as obras básicas, os autores clássicos (como Léon Denis, Gabriel Delanne, Bozzano), os nacionais, como Cairbar Schutel, Deolindo Amorim, Herculano Pires e Vinícius, e os mediúnicos (como os recebidos por Chico Xavier e Yvonne Pereira). Obras assim apuram o “paladar literário e doutrinário” dos leitores e fazem com que, ao ler as obras oportunistas, percebam a diferença de conteúdo e de forma, levando-as a escolher melhor o material agradável e útil de que precisam para alimento de suas mentes.
Therezinha e Chico Xavier, em 1980
História e atividades do Centro Espírita Allan Kardec
O Ceak foi fundado em 15 de setembro de 1938, por um grupo de idealistas, liderados por Gustavo Marcondes e Servílio Marrone. Na área assistencial, disponibiliza:
. Instituto Popular Humberto de Campos, que oferece ajuda a milhares de pessoas, com doação de roupas, calçados, farmácia e ambulatório médico e creche para 200 crianças; em suas dependências, a prefeitura e Estado mantêm escola primária, enquanto a alimentação dos alunos é fornecida pelo instituto;
. Educandário Eurípedes, que ministra vários cursos profissionalizantes e mantém creche para 100 crianças;
. Creche Gustavo Marcondes para 70 crianças carentes, no subdistrito de Souzas;
. Casa de Apoio à Vida, que presta amparo, anualmente, a cerca de 100 gestantes adultas e adolescentes.
Todos os serviços são gratuitos.
Na parte doutrinária, dispõe de:
. plantões de segunda a sexta-feira, todas as tardes e noites, e aos domingos pela manhã, com recepção, entrevistas, preleções e passes, além de reuniões mediúnicas de assistência espiritual aos enfermos físicos e aos que se sentem aflitos e perturbados, e também grupos de visitação a detentos e a enfermos, nos hospitais e em lares.
Para os interessados em conhecer a Doutrina Espírita, oferece:
. Cursos de iniciação ao Espiritismo, mediunidade, reuniões mediúnicas, estudos espíritas do Evangelho e, anualmente, cursos intensivos de passistas, entrevistadores, preletores e expositores.
“Comecei a elaborar os cursos doutrinários por volta de 1965. Em 1980, já estavam todos formulados e em funcionamento. O último a ser estruturado foi o Estudo Espírita do Evangelho, que preenche uma lacuna comum na formação doutrinária de trabalhadores das casas espíritas. Aproveitando que companheiros do Ceak me haviam filmado ministrando as aulas de Iniciação ao Espiritismo, a Versátil Spirite editou, em 2009, o trabalho e lançou um DVD, com mais de 34 horas de gravação, além de uma caixa com 12 DVDs e vídeos extras”, conta Therezinha.
O Ceak possui ainda três núcleos nos bairros de Vila Nova, Proença e Souzas, onde são oferecidos serviços semelhantes de cursos, reuniões e plantões doutrinários, além de assistência material.
Segundo Therezinha, na sede, a média de frequência diária, à tarde e noite, é, em cada período, de cerca de 200 pessoas assistidas e uma equipe de 50 trabalhadores espíritas voluntários. Aos domingos de manhã, há número equivalente de assistidos e de trabalhadores, mas a palestra no salão principal atrai 500 pessoas. Nos três núcleos, a média diária de frequentadores, nos dias em que são abertos ao público, varia em torno de 150 pessoas.
Os alunos, considerados os dias em que há cursos na sede e nos núcleos, somam cerca de 800 pessoas, além das equipes de secretaria, expositores de aulas e dirigentes mediúnicos.
Mocidade no Evangelho
Mocidade, rubra rosa, recendendo suave olor é o símbolo perfeito de tua graça e teu vigor!
Mocidade, o Evangelho é o solo benfeitor de que a rosa haure o alento para o Bem e para o Amor.
Coro:
Mocidade, no Evangelho faz tua vida reflorir e o Amor celeste orvalho } em tua alma há de esparzir } bis
Mocidade, esperança de um futuro que é só luz, vê se tua fé alcança viver sempre com Jesus!
E nas trevas do presente, para o mundo iluminar, vive pura, vive crente a sorrir, servir e amar!
Coro:
Mocidade, no Evangelho traça a rota do porvir que o Bem requer trabalho } para em nossa alma surgir } bis
Hino inspirado a Therezinha Oliveira e composto especialmente para a XIII Concentração de Mocidades Espíritas do Brasil Central e do Estado de São Paulo realizada em Campinas (SP) de 14 a 17 de abril de 1960.
Enviado por Geraldo Lemos Neto | Vinha de Luz Editora | Ismael Gobbo | SP | Publicado originalmente em junho/2011
17/09/2013
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