Meu nome é Jhon Harley Madureira Marques, tenho 49 anos, sou casado há 25 anos e pai de três filhos. Formado em Educação Física e Psicologia. Sou trabalhador do Grupo Espírita Scheilla há exatamente 31 anos. Atualmente, participo das atividades da Casa de Chico Xavier em Pedro Leopoldo, da Fundação Cultural Chico Xavier e da Aliança Municipal Espírita de Pedro Leopoldo e Matozinhos. Desde 1981 participo do movimento de unificação em nossa cidade.
Conte um pouco sobre o seu convívio com Chico. Foram 21 anos de relacionamento?
R- Tive o prazer de conhecer Francisco Cândido Xavier em 1981, na casa de sua irmã Cidália Xavier de Carvalho. Confesso que neste dia fiquei, sob certa hipnose, olhando fixamente para o tão falado Chico Xavier. Encontro, reencontro, não sei... Mas a partir daí mantivemos um relacionamento de respeito e amizade que só foi interrompido mediante sua desencarnação, no dia 30 de junho de 2002. Em todos estes anos de convivência, pude confirmar o que muitas pessoas já diziam ser ele um ser humano profundamente generoso, de hábitos simples, vivendo de sua modesta aposentadoria. Um típico mineiro que adorava uma boa prosa e ficava profundamente constrangido com elogios.
Foi essa amizade que o levou a enveredar pelo espiritismo?
R- Nasci na cidade de Pedro Leopoldo e minha formação religiosa, como muitos da minha geração, foi estruturada nos princípios do cristianismo, sob a interpretação do movimento católico. Na adolescência, por alguns anos, cheguei também a participar do movimento umbandista. Desde cedo, me sentia atraído em procurar entender um pouco mais sobre a religiosidade do nosso país, pois sempre considerei uma forma de expressão cultural importante e significativa, mas que, historicamente, somente há bem pouco tempo, vem despertando o interesse de pesquisadores e estudiosos. Por volta dos 17 anos de idade, em diversas ocasiões, tive sonhos curiosos onde Chico Xavier era o protagonista. Ouvindo falar muito em Chico Xavier, comecei alimentar um insistente desejo de conhecê-lo. Passei a sonhar que ele, sorridente, me olhava atentamente. Corria para encontrá-lo, mas quando chegava próximo ele já se encontrava em outro lugar. Estes sonhos persistiram por um bom tempo e deixaram significativas impressões. Evidentemente, que esta amizade interferiu na minha forma de pensar e de agir sobre mim mesmo e sobre o mundo, mas me tornei espírita em 1980 e passei a estudar os princípios codificados por Allan Kardec, além das muitas obras psicografadas por Chico Xavier e outros companheiros de ideal.
Qual a relação estabelecida entre Chico Xavier e Pedro Leopoldo e como ficou essa relação com a saída para Uberaba?
R- Várias foram as razões que levaram Chico Xavier a sair de Pedro Leopoldo, entretanto, a maior razão foram as acusações do seu sobrinho Amauri Pena dizendo que o tio era um grande farsante. Entretanto, temos uma carta que esclarece que o Chico já tinha intenção de sair de Pedro Leopoldo, sob orientação de Emmanuel, para ampliar suas atividades, por volta de meados da década de 60, mas foi obrigado a antecipar esta decisão. Chico Xavier dizia que Pedro Leopoldo foi sua mãe e Uberaba uma tia, mas uma tia muito querida. De 1981 para cá posso dizer com tranquilidade que as relações de Pedro Leopoldo com Uberaba foram as melhores possíveis.
Qual a sua percepção do entendimento da população de Pedro Leopoldo sobre Chico Xavier?
R- O mesmo entendimento que tem a população brasileira: um homem que destinou 75 anos de sua vida em favor do outro. Um típico mineiro que adorava uma boa prosa e ficava profundamente constrangido com os elogios. Viveu da sua modesta aposentadoria e se dedicou integralmente na construção do bem coletivo. Deu tanto sentido à vida que contagiou milhares de pessoas. Por isso “Mineiro do Século” pela Telemar e Rede Globo Minas ou o “Maior Brasileiro da História” pela Revista Época.
Quem foi Chico na sua visão?
R- Em tempos de tanta intransigência e intolerância e dentro de um contexto social individualista espero, sem nenhuma intenção de divinizá-lo, ter conseguido dizer que a humanidade em Chico Xavier ultrapassou os limites dos movimentos religiosos por mim conhecidos, se materializando, no transcorrer dos seus 92 anos de idade, em forma de generosidade, compaixão e amor. Parafraseando o biógrafo uberabense Carlos Baccelli, diria que Chico Xavier não foi um “anjo” exercendo o papel de um homem, mas um homem, do mundo e no mundo, exercendo o papel de um “anjo”.
Poderia contar algum caso curioso envolvendo o Chico e que você presenciou?
R- Ainda me lembro quando, em uma das minhas visitas ao Chico Xavier, me deparei com uma situação inusitada. Ao seu lado, observei que uma senhora, chorando copiosamente começa a descrever um quadro doloroso. Havia perdido toda a sua família em um acidente automobilístico. Fiquei me perguntando como seria possível consolar uma dor tão intensa? O que ele poderia dizer que pudesse reconfortar aquela mulher? Para minha surpresa e de todos os demais que acompanhavam aquela comovente cena, Chico se levanta e a abraça. Choram os dois. Depois do abraço busquei curioso o olhar daquela mãe e observei que a dor ainda permanecia na face, mas ela esboçou um sorriso que eu nunca consegui compreender até hoje. Diria que Chico Xavier sem dizer nada, disse tudo. Esta cena se passou em meados dos anos 80 e até hoje procuro entender e vivenciar o que vi. Para mim, Chico Xavier foi uma das poucas pessoas que melhor conseguiu exemplificar o ensinamento evangélico “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.
Há quanto tempo iniciou a construção do livro O voo da garça?
R- As razões deste livro começaram a tomar forma em abril de 1995, quando o Jornal “Oficina Humana”, de circulação restrita na região de Pedro Leopoldo, lançou uma edição comemorativa dos 85 anos de Chico Xavier. A convite da diretora do Jornal, Núbia Albano Soares, escrevi um artigo onde procurei falar um pouco mais sobre a sua humanidade. Dizia no artigo: “Quando se fala em Chico Xavier muitas pessoas imaginam um ser distante de nossa realidade. Um mito inabordável a qualquer sentimento humano, como se ele não fosse de carne e osso”. Em outra passagem considerava: “Desmistificar o mito Chico Xavier é reconhecer que como qualquer ser humano ele tem limites e necessidades de carinho, respeito e atenção”. Como mantínhamos uma regular correspondência, enviei para Uberaba alguns exemplares e qual não foi a minha surpresa quando recebi uma carta e um telegrama do próprio Chico pedindo que, se fosse possível, enviasse outros exemplares. O artigo nada tinha de excepcional, sua linguagem era muito simples, uma conversa ao “pé do ouvido”, falando de um Chico Xavier tão humano como qualquer um de nós, mas que vivendo intensamente a sua humanidade, nos dava a impressão de um ser humano diferente e especial. Em 2008, no I Encontro Nacional dos Amigos de Chico Xavier e Sua Obra, comecei uma pesquisa mais sistematizada.
Qual o objetivo do livro?
R- Na grande maioria das obras pesquisadas fala-se muito mais sobre o Chico Xavier na cidade de Uberaba do que de sua terra natal. No livro falo do Chico em Pedro Leopoldo entre os anos de 1910 a 1959. Nada contra a cidade de Uberaba, pois foram nesta cidade as melhores lembranças desta convivência. O livro representa também o olhar de um pedroleopoldense sobre outro pedroleopoldense, recuperando informações históricas importantes e que foram equivocadamente reproduzidas, além de destacar aspectos de sua humanidade. Através desta pesquisa, passei a admirá-lo ainda mais, porque dentro do contexto social que vivemos existem outras pessoas com as mesmas características de humanidade, mas que não conseguiram dar tanto sentido a vida como ele conseguiu.
Por que o título O voo da garça?
R- O poeta e escritor pedroleopoldense José Issa Filho, transitando entre a realidade e a ficção, nos conta no livro intitulado “Coisas do reino de Pedro Leopoldo 3” uma curiosa história narrada por três distintos personagens da nossa cidade, entre os quais se destaca a habilidade poética de Sá Tomásia, uma antiga benzedeira da região. Segundo ela, na manhã do dia 2 de abril de 1910, data do nascimento de Chico Xavier, teria acontecido na cidade de Pedro Leopoldo, na região da Fazenda Modelo, um curioso fenômeno com as garças. Foi a manhã mais linda que ela já viu. Estou me apropriando desta história para dizer que uma destas garças pousou na cidade de Pedro Leopoldo, exatamente no dia 2 de abril de 1910, na Rua de São Sebastião, “trazendo amor e compaixão, e por isso mesmo, transformando as noites de muitos angustiados e aflitos em dias ensolarados de esperanças e alegrias”, como bem disse José Issa Filho.
Por que as pessoas tentam endeusar, criar mitos e santos? Chico foi um homem que viveu a caridade. Por que considerá-lo um santo?
R- Em 2000, Chico Xavier foi eleito pela população do Estado de Minas Gerais, em uma promoção da Telemar e da Rede Globo Minas, o “Mineiro do Século”. E em 2006, pela Revista Época, foi considerado pelos internautas, juntamente com Rui Barbosa, o “Maior Brasileiro da História”. Respeitado e admirado por milhões de pessoas em todo o país e mesmo fora de nossas fronteiras. Uma unanimidade nacional no campo do trabalho e da assistência social. Uma de minhas alunas, indignada com o resultado desta pesquisa me perguntou o que Chico Xavier teria feito para ser considerado o “Mineiro do Século” (foram 704.030 votos), já que ele não teria “inventado” ou feito nada de especial. Confesso que olhei para ela com certa indignação. Ameacei responder, mas a partir deste questionamento, comecei a pensar mais profundamente qual teria sido a sua "grande invenção”. Qual foi o seu grande legado? Talvez a demonstração concreta de ser humanamente possível colaborar na construção de uma sociedade mais justa, mais fraterna e mais feliz. Na perspectiva histórica que a pesquisa se desenvolve compreendo que não é um simples gesto de uma pessoa qualquer que pode magicamente transformar a forma de organização social em que vivemos, mas não posso deixar de afirmar que a coerência entre o falar e o agir, associado ao seu poder de mobilização, pode gerar uma ação coletiva de proporções inimagináveis. Para mim, Francisco Cândido Xavier, ou simplesmente Chico Xavier, foi uma dessas pessoas.
Quais os objetivos dos Encontros Nacionais dos Amigos de Chico Xavier e sua Obra, hoje na sua quarta versão?
R- Gosto de dizer claramente que os organizadores destes Encontros não têm nenhuma intenção de divinizar a figura humana de Chico Xavier, mas divulgar seus exemplos de renúncia e amor inspirados em Nosso Senhor Jesus Cristo. O objetivo central é incentivar a leitura sistematizada e o estudo das obras psicografadas por Chico Xavier, por entendermos que elas representam o desdobramento das obras da Codificação Kardequiana. Nesta direção, o CREBARV (Conselho Regional Bacia Alto Rio das velhas) já fez uma proposição a todas as casas espíritas vinculadas a este Conselho, seguindo os mesmos moldes da Semana Allan Kardec, já historicamente instituída em outubro de cada ano em nossa região, de organizarmos a Semana Chico Xavier, em todo mês de abril. E estamos aproveitando o espaço para que esta idéia seja espalhada em todo o país. Com Jesus e Kardec, inspirados nas obras e exemplos deixados por Chico Xavier, esperamos fortalecer o movimento espírita, em bases de amor, solidariedade e respeito pelas diferenças.
Qual a sua opinião sobre a polêmica questão: Chico é a reencarnação Kardec?
Eu não entrei nessa questão no livro, porque não era o foco e porque a mesma merece ainda amplas pesquisas, cujos instrumentos não estão à nossa disposição. Vou dar a minha opinião. Durante 21 de convivência, eu recebi 132 obras autografadas e que me foram enviadas pelo Chico via Correio. Em 1992, ele me mandou, sem que eu pedisse, a obra chamada Kardec Prossegue, escrita por Adelino da Silveira – outro amigo do Chico. Como fiz com todas as obras, eu li cuidadosamente. A tese central da obra afirmava que Chico foi Kardec! Um dia na cidade de Uberaba tive a coragem de perguntar: Chico você é Kardec? Ele não me disse que sim nem que não. Mas me questionei: por que ele mandou essa obra autografada para tantos amigos? Ele sempre foi muito cuidadoso com os livros... Seja para prefaciar ou para enviar uma obra para alguém. Sinceramente, creio que ele quis nos dar um recado. Defendo a tese de que Chico é a reencarnação de Kardec, em razão desse e de outros fatos! Respeito à opinião de quem pensa diferente, mas também posso afirmar que Adelino não publicaria esse livro sem o consentimento de Chico Xavier. Eu perguntei a Nena Galves se Chico havia dito para ela alguma coisa e ela me disse que ele não havia comentado nada, mas ela disse que se Kardec estivesse reencarnado, como estava previsto em Obras Póstumas, ele seria o Chico. Não há outro que pudesse ocupar essa função. Mas isso não é o mais importante, eu acho que o maior reconhecimento que poderíamos prestar a Chico Xavier é considerar suas obras psicografadas não mais como obras subsidiárias da Codificação, mas como obras básicas, porque elas representam o seu prolongamento natural, sem com isso desconsiderar a progressividade da nossa Doutrina nem a contribuição de vários outros espiritistas, como Zilda Gama, Bezerra de Menezes, Divaldo, Yvonne Pereira, Eurípedes Barsanulfo, dentre outros.
E o filho de coração de Chico – Eurípedes Higino dos Reis – qual o papel dele na vida do médium? Fale-nos sobre isso já que você é um biógrafo que teve acesso à intimidade de casa do médium mineiro durante 21 anos.
Nas histórias que conheço há quase sempre o papel do herói e do vilão. Nesta história Eurípedes exerceu um difícil e delicado papel, pois coube a ele, em um determinado momento, resguardar o Chico de tantos pedidos e solicitações. Eu vi o Chico algumas vezes, não desejando receber determinadas pessoas, pedir ao Eurípedes para dizer que ele não estava ou que não poderia atender naquele momento. Mas é o mesmo caso que disse anteriormente: conviver com Chico, quem suportaria acompanhar tal nível de exigência e exposição pública?! Eu não suportaria! Porque era muita renúncia num ritmo de atividades impressionantes! Creio que Eurípedes exerceu um papel importante e é verdade que o Chico gostava muito dele. Todas as vezes que ia a Uberaba ele sempre me perguntava se eu havia cumprimentado e despedido do Eurípedes. E no final da vida, os papeis haviam se invertido: Chico havia virado filho e Eurípedes o pai. E isso com consentimento do próprio Chico, por mais estranho que isso possa parecer! Posso também afirmar que o desencarne do Chico mexeu muito com o Eurípedes. Hoje, observo que ele está muito mais sensibilizado.
E Emmanuel está reencarnado ou não?
Pela primeira vez vou falar de uma preocupação que eu só disse para os meus amigos mais íntimos. De todos os assuntos que tem sido ventilado em nosso movimento, tenho certeza absoluta que um destes assuntos deixaria o Chico Xavier profundamente preocupado: as supostas comunicações de Emmanuel depois da sua desencarnação. Sinceramente, não sei o porquê do interesse e da fixação de alguns médiuns em receber o espírito Emmanuel. Reconhecimento? Prestígio? Em 2010, na cidade de Uberaba, no III Encontro Nacional dos Amigos de Chico Xavier e Sua Obra, a companheira Nena Galves apresentou um vídeo onde o Chico falou claramente que Emmanuel estaria aguardando o seu retorno para a pátria espiritual para que ele pudesse reencarnar. Ele deveria reencarnar quando o Chico voltasse, mas o médium recebeu muitas moratórias, a última foi de um ano, documentada inclusive pela televisão, quando uma luz misteriosa entrou pela janela do hospital, então, Emmanuel, voltou antes que o retorno do médium acontecesse. O próprio tribuno Divaldo Franco deu um depoimento falando da reencarnação de Emmanuel. Afirma isso também outros amigos, entre eles, Eurípedes Higino dos Reis, Geraldo Lemos, Carlos Baccelli, Richard Simonetti, Divaldinho, Sônia Barsante, Suzana Mousinho e Dr. Elias Barbosa, que Emmanuel viria como professor e que trabalharia na mediunidade. Os dois brincavam: Chico dizia para Emmanuel que veria como é difícil ser médium na Terra, ao que o mentor respondia que ele iria ver como era difícil ser mentor de médium no mundo. Sinceramente, pelas conversas e convivência que tive com Chico, não tenho dúvida de que Emmanuel se encontra encarnado para dar continuidade à sua portentosa missão.
Qual foi o acontecimento que mais o alegrou na seara espírita até o dia de hoje?
R- Tenho tido sempre muitas alegrias em minha vida mediúnica, principalmente na recepção dos livros de nossos Instrutores do Alto, no entanto, assinalo, como sendo uma das mais belas surpresas da minha vida de médium, a saída de meu corpo físico, durante algumas horas, em julho de 1943, na companhia do nosso amigo desencarnado, André Luiz, a fim de conhecer uma faixa suburbana de ‘Nosso Lar’, a cidade que ele descreve no primeiro livro que ele escreve, por meu intermédio, providência essa que Emmanuel permitiu fosse tomada para que eu não prejudicasse a psicografia de André Luiz, cujas narrações eram para mim inteiramente novas.” (No Mundo de Chico Xavier, páginas 106 e 107) O caso que narro abaixo foi contado pelo Chico, em meados da década de 80, na casa de sua irmã Luiza Xavier, na cidade de Pedro Leopoldo (MG). Estávamos conversando sobre o livro Nosso Lar, quando indaguei como seria a cidade de Nosso Lar e se ele já teria sido levado pelo espírito André Luiz para conhecê-la. Ele me disse que no capítulo do livro intitulado Bônus Hora, ele havia parado de psicografar por uns 15 dias. Ele pensou que estava sendo mistificado. Segundo ele, André Luiz, percebendo que a dúvida poderia atrapalhar o desenvolvimento da obra, disse que em uma das quartas-feiras ele seria levado para conhecer alguns aspectos da cidade. Recomendou o Chico quanto aos cuidados em relação aos pensamentos e a alimentação. E aconselhou que ele deitasse em decúbito dorsal, procurando evitar qualquer posição desconfortável, principalmente para a região do pescoço. Chico disse que ele se deslocou do corpo e ficou aguardando a chegada de André Luiz, mantendo boa consciência. No horário marcado, André Luiz e Chico “caminham” na Rua São Sebastião, em direção à Rua Comendador Antônio Alves (rua principal da cidade), e ficam aguardando em frente a matriz. Lá permanecem por alguns minutos, quando Chico observa que um veículo na forma de um “cisne” aterriza suavemente na rua. No lugar onde ficam os “órgãos do cisne” se localizavam as janelas e nos “olhos do cisne”, os condutores do veículo. Antes de entrar no citado veículo, André Luiz disse a Chico que a partir daquele momento ele não precisava articular nenhuma palavra, que se comunicariam através do pensamento. Entraram no veículo e Chico observou que todos os lugares já estavam ocupados, com exceção dos dois últimos. Chico perguntou mentalmente a André Luiz o que aquelas pessoas estavam fazendo ali e ele disse que muitas estavam indo à cidade de Nosso Lar para refazimento e outras, para orientação e instrução, sempre acompanhadas por algum amigo ou benfeitor espiritual. Chico observou que o deslocamento do veículo era muito diferente do avião comum que, para pegar altitude, tem de se dispor de muito espaço. Ao contrário. Aquele veículo pegava altitude rapidamente e foi exemplificado com as mãos que o veículo pegava altitude utilizando um movimento espiralado. Chico não soube precisar exatamente quanto tempo esteve no veículo, mas me relatou que acreditava ter ficado por volta de 40 minutos. Disse ainda que não era possível observar pela janela o que estava acontecendo na paisagem exterior e que, de repente, o veículo fez um movimento semelhante quando empurramos um objeto de plástico para o fundo da água e soltamos, ele volta um pouco acima do nível da água e depois se acomoda na superfície. Naquele momento, quando Chico olhou pela janela, o veículo estava sobre um oceano. Segundo André Luiz, na perspectiva de Nosso Lar os encarnados "estão vivendo em um mar de oxigênio”. O médium relatou que o veículo deslizou por alguns minutos na horizontal e parou em uma espécie de porto. O comandante da “nave” disse a todos que deveriam estar novamente naquele local a uma determinada hora. Cada grupo seguiu a sua direção. Chico afirmou que no trajeto para a cidade existiam flores emitindo cores variadas. André Luiz disse que pela manhã as flores absorvem a luz solar e à noite emitem luz, permitindo um jogo de cores impressionante. Chico não teve permissão de conhecer a Governadoria. Observou que as ruas eram bem largas e arborizadas. Conheceu algumas dependências do Ministério da Regeneração. Disse que entrou em uma espécie de hospital (acho que ele se referiu ao Santuário da Benção). Viu muitos enfermos. Observou que as lâmpadas neste local tinham a forma de um coração. André Luiz disse que durante as orações da Governadoria e de toda a comunidade, pontualmente às 18h, os enfermos recebem energias de refazimento através destas lâmpadas. André Luiz falou sobre o chamado Bônus Hora, explicando o seu mecanismo. Boa parte desta explicação consta no próprio livro. Retornaram no horário previsto. Das obras psicografadas pela faculdade mediúnica do nosso Chico Xavier, em minha opinião, a série André Luiz representa uma fonte inesgotável de informação, consolo e esclarecimento. Precisamos estudá-la urgentemente.
E Jerônimo Mendonça Ribeiro — “O Gigante Deitado” —, o conheceu também?
R- Nos anos 80 pude acompanhar o nosso irmão Jerônimo. Algumas vezes nos encontramos na Casa da Prece em Uberaba e ficava admirado em ver sua alegria contagiante de viver, o seu bom humor e a sua perseverança no bem. O nosso amigo foi um exemplo de espírita-cristão e deu testemunho da sua fé em Jesus.
E para terminar...
Em 30 de junho de 2002 a garça alçou novos voos, deixando um rastro de exemplificação em generosidade, compaixão e alegria de viver. Mas também deixou muitas saudades, pois já não é possível a conversa ao “pé do ouvido”, se encantar com suas risadas gostosas e passar pelas noites e madrugadas ouvindo os casos recheados de amor e ensinamentos. Como poderei esquecer os bate papos na casa de Cidália Xavier e Maria Luiza Xavier em Pedro Leopoldo? Os livros, os pacotes de mensagens e os cartões ornamentados com amores-perfeitos enviados pelo correio? Os almoços deliciosos aos sábados preparados pela incansável e fiel Dinorá? As memoráveis reuniões na Casa da Prece? As atividades sociais no Abacateiro e na Vila do Pássaro Preto, em Uberaba? E o sorriso todo característico de quem estava de bem com a vida “fazendo contrariedades do tamanho de elefantes, que ocupavam a cabeça dos desesperados, ficarem menores que peixinhos de aquários”. Aonde esta garça vai pousar novamente? Só Deus o sabe.
SOBRE O LIVRO "O VOO DA GARÇA" — OPINIÃO DO LEITOR
“Trabalho muito bem escrito, claro, ponderado, sem arroubos que pudessem induzir a uma adoração mística desse homem notável que foi o Chico. Trabalho equilibrado, justo, sem conduzir ninguém a devocionismo inoperante. Você soube mostrar o Chico que conhecemos em Pedro Leopoldo, com a naturalidade de um santo – que sempre o caracterizou –, sem colocá-lo num pedestal. Creio que ele se sente feliz por isso. Estive em Pedro Leopoldo há duas semanas, revendo locais que não via há muitos anos. Conheci o Chico em 1955. Participei de reunião no Grupo Meimei, dirigido pelo Arnaldo Rocha. Você soube retratar bem esses anos do Chico em Pedro Leopoldo. Seu trabalho, até onde posso julgá-lo, está muito bem feito, em linguagem nobre, sem ser pedante e clara sem ser vulgar. Parabéns. Já pedi à Livraria Espírita Cristã daqui que encomende alguns exemplares, pois pretendo recomendá-lo, sem favor algum.”José Passini
“O escritor mineiro Jhon Harley, pouco tempo atrás, por meio do serviço editorial da Casa de Chico Xavier, lançou seu dedicado livro O Voo da Garça, uma das mais completas obras da vida de Chico Xavier, principalmente do início de sua trabalhosa vida mediúnica, desde o nascimento em Pedro Leopoldo (MG). Se o leitor quer uma obra bem informada e ilustrada sobre Chico, compre este livro.”Fernando Ós
“Você está de parabéns. Já terminei de ler o livro, que considerei um documento sério, rico em informações e testemunhos e, ao mesmo tempo, humano, poético e maravilhoso. Não estou apenas cumprimentando o Autor pelo valor da obra, que merece todos os elogios; estou agradecendo em nome de todos os amigos e admiradores daquele que, em sua simplicidade maravilhosa, foi e será, sempre, o nosso Irmão Maior. Aquele que tenho a honra e a satisfação de poder chamar de amigo Chico merecia, mesmo, algo como essa sua oferenda em forma de um livro de leitura agradável, rigor histórico e metodológico e, principalmente, de fidelidade à verdadeira personalidade do maior de todos os nossos médiuns.”Raul Marinuzzi
Terminei de ler "O Voo da Garça" - excelente! Você foi muito feliz ao longo de toda a obra. Parabéns. Penso que Chico deve ter ficado muito contente, sobretudo, porque não confiou em vão em você - ele sabia do que você seria capaz no futuro! Não que ele desejasse uma obra assim, qual a sua, em torno do nome dele. Todos sabemos que Chico se preocupava, e preocupa, unicamente com a Mensagem do Cristo. Para ele mesmo, ele não é Chico Xavier, que, sem dúvida, é uma Bandeira de Luz hasteada na divulgação de nossos Princípios! Portanto, meu caro, parabéns! Que Jesus abençoe a você e a toda sua família. Que você prossiga sempre fiel ao que aprendemos, ou tentamos aprender, com o nosso saudoso amigo. Carlos Baccelli
“Muito bem escrito, claras as elucidações, enriquecendo sobremaneira as informações tradicionais de nosso conhecimento com novos e significativos dados. Estou emocionado com o seu trabalho. Você efetivamente caprichou... O título é sugestivo e me diz muito.”Caio Ramacciotti
“Confesso-lhe que comecei a ler o seu excelente livro na viagem de retorno a Salvador e já o concluí. Está muito bem urdido, numa trama literária rica de conteúdos doutrinários bem colocados, sem os exageros habituais, numa análise histórica muito bem resgata sobre a vida e a obra do apóstolo da mediunidade. Parabéns! Que venham outros livros, pois que estamos necessitando de leituras dignas.”Divaldo Franco
Gostaria de dizer-lhe que tenho convicção de que seu belo e o oportuno livro, "O Voo da Garça", causou um grande impacto entre os companheiros estudiosos de Doutrina Espírita, principalmente dos mais ligados a Chico Xavier e a obra de que fora fiel intérprete. Em minha modesta opinião, a obra se destaca por dois motivos principais: primeiro, porque presenteia-nos com fatos inéditos; e, segundo, porque esmera-se em informações sobre a vida e casos ocorridos em Pedro Leopoldo até o ano de 1959, ano em que Chico transferiu-se para a cidade de Uberaba. Era o livro que faltava para se incorporar, com ênfase, nas cerca de duas centenas de obras biográficas sobre o incomparável médium Francisco Cândido Xavier, o nosso Chico. Parabéns.”Weimar Muniz
“Infelizmente não nos conhecemos pessoalmente. Sou um médico, nascido em Belo Horizonte, mas que se mudou quando criança para São Paulo. Hoje moro em São Vicente, no litoral paulista. Na Casa de Chico Xavier, tive a oportunidade de comprar seu livro "O Voo da Garça" e o "Primeiro Livro". Comecei pelo seu e ainda estou na metade, porém resolvi te escrever para parabenizar pela idéia e pelo modo como você procurou esclarecer todos os fatos conflitantes sobre a biografia de Chico (nome próprio, nome da mãe, datas, etc.) e pelo vasto material iconográfico, que "complementa" as fotos que tirei durante minha visita. Realmente, seu livro irá se tornar um trabalho de referência para posteriores biógrafos.”
Maurício Vilela
Prezado Jhon Harley. De ontem para hoje li sua biografia do Chico Xavier. Gostei muito. Considero a melhor biografia do médium, de todas as que li até hoje. Bem escrita, sem pieguismos, mas sem deixar de ser digna da História e do Manoel de Barros. Vou escrever uma crônica. Abraço cordial. Luciano dos Anjos
"O confrade Jhon Harley é um dedicado servidor da Causa Espírita na cidade natal de Chico Xavier, Pedro Leopoldo. Em sua trajetória conta-se a presença no movimento de mocidade espírita, nas tarefas como palestrante e expositor dos postulados da doutrina, na assistência fraterna pelas atividades do Grupo Espírita Scheilla e da Casa de Chico Xavier, e também a atuação vibrante junto ao movimento de unificação pela Aliança Municipal Espírita - AME - de sua cidade. É também copartícipe da organização dos Encontros Nacionais dos Amigos de Chico Xavier e sua Obra desde 2008. Em 1981 Jhon tornou-se amigo de Chico Xavier, desenvolvendo a partir daquela época profícua amizade com o medianeiro de Jesus. Por ser também nascido na cidade de Pedro Leopoldo, é muito natural que uma afinidade maior se estabelecesse entre Jhon e Chico, e entre Jhon e todos aqueles que conviveram com Chico Xavier nos seus primeiros tempos de mediunidade e serviço na bucólica cidade do interior de Minas Gerais. Acompanhamos a dedicação à pesquisa em que Jhon Harley se engajou, o entusiasmo de suas descobertas e a alegria do amigo em abordar a humanidade de Chico Xavier. Quando o livro em seu formato final nos foi apresentado causou-nos admiração e surpresa. Admiração pela profundidade da pesquisa e surpresa pelo ineditismo da abordagem que Jhon Harley nos oferece. Publicamos o livro pela Vinha de Luz e nova surpresa, em dois meses a primeira edição se esgotou, mostrando-nos que o gosto popular também apreciara sobremaneira o esforço de Jhon Harley. Parabéns Jhon por sua iniciativa! De certo ela já contribui para o esclarecimento da compreensão de quem foi entre nós este homem diferente, mas tão profundamente humano, que é Chico Xavier."Geraldo Lemos Neto
“Gostei muito do nível de detalhes históricos sobre a trajetória de Chico em Pedro Leopoldo e não conheço nenhuma outra literatura que tenha adotado a mesma narrativa, parabéns! Neste grupo de admiradores da obra de Chico Xavier, que a cada dia aumenta, o seu livro enriquece e registra fatos num só documento.”Sidney Pace
"Já fazia certo tempo que não lia palavras e textos tão fieis ao que representou a vida do nosso amado Chico. Com seu livro O Voo da Garça, encontrei lições que apenas uma pessoa apaixonada pelo seu biografado pode buscar. Lições que o tempo costuma distorcer, mas a paixão pela verdade não permite apagar. Falar de Chico requer sempre um limite. Um limite entre a devoção e a razão. Nos tempos atuais noto que muitos corações achegados ao médium não conseguem expressar este bom senso. O falar apaixonado e o falar desprovido da devoção. Você soube colocar isto em seu livro amigo Jhon. As palavras de um pesquisador/historiador sem perder a poesia. A leitura além de agradável, torna-se confiável, tal qual em minha opinião tornou-se o livro do maior biógrafo de Chico, Marcel Souto Maior, jornalista da Globo. Que outros voos referente a Chico venham. É sempre muito reconfortante ouvir histórias de Chico Xavier.'Roberto Silveira
In: www.visaoespirita.tv | www.alexscguimaraes.blogspot.com
17/10/2011
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